Com a participação dos sindicatos de base e representantes sindicais médicos da África do Sul, Argentina, Alemanha, Jamaica e África do Sul, foi encerrado no sábado 4 de outubro, a 6ª Conferência Internacional de Sindicatos Médicos, organizada pela Federação Médica Brasileira e Sindicato dos Médicos do Estado da Paraíba.
A manhã foi marcada pela mesa-redonda “Remuneração, Condições de Trabalho e Reconhecimento Profissional na Perspectiva da Mulher Médica”, que trouxe à tona reflexões sobre a desigualdade de gênero na carreira médica e a urgência de valorização justa e equitativa da profissão. O debate destacou que as mulheres médicas enfrentam não apenas a sobrecarga do trabalho, mas também desafios específicos relacionados ao reconhecimento e às oportunidades de crescimento.
Participaram da mesa as médicas Ana Carolina Araújo Oliveira Tabosa, presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco; Malu David, também diretora do SIMEPE e da FMB, Janice Painkow, diretora da FMB e do Sindicato dos Médicos de Tocantins, Cláudia Paola, diretora da FMB e do Sindicato dos Médicos do Paraná, e Maria Rosa, representante de Portugal.
Entre os dados apresentados durante o encontro, chamou atenção a diferença na média de renda líquida mensal entre homens e mulheres médicas. Enquanto os profissionais homens registraram uma média de R$ 477 por hora trabalhada na semana, as mulheres receberam R$ 416, evidenciando uma disparidade que ainda reflete desigualdade de gênero na medicina brasileira.
Outro dado preocupante expôs a dimensão da violência e do preconceito enfrentados por médicas no país: 62% relataram ter sofrido assédio moral ou sexual, 51% afirmaram ter sido alvo de agressões verbais ou físicas, 70% já vivenciaram preconceito de gênero e 78% disseram ter testemunhado episódios de preconceito contra colegas mulheres.
Os números reforçam a necessidade de políticas institucionais que garantam equidade de gênero, segurança no ambiente de trabalho e reconhecimento profissional às mulheres médicas, fundamentais na construção de uma saúde mais humana e justa.
Sucesso emocionante
O presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba (SIMED-PB), Tarcísio Campos, anfitrião do encontro, se emocionou ao apresentar o Coral nos Instituto Unimed aos participantes da conferência, falando da importância do trabalho social da cooperativa médica e sugerindo que os sindicatos abracem algumas causas sociais também. Ele destacou o simbolismo do encerramento em João Pessoa: “Foi uma honra para a Paraíba receber médicos de tantas partes do mundo. A apresentação do coral infantil traduz o que desejamos: uma profissão valorizada, capaz de cuidar com humanidade e de transformar o futuro. O evento se despede deixando sementes de diálogo e de luta coletiva que vão ecoar muito além da nossa cidade.”
O evento foi finalizado com a Plenária do Encontro em que a África do Sul foi aclamada como a próxima organizadora do evento internacional de sindicalismo médico.