II Congresso Acadêmico Sindical da Federação Médica Brasileira (FMB) segue movimentando a capital paraibana nesta quarta-feira (1º), reunindo estudantes de medicina, médicos e lideranças sindicais no auditório do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB).
Durante a tarde, a programação abriu espaço para reflexões sobre mudanças climáticas e suas repercussões na saúde planetária, tema apresentado em palestra pelo médico Eduardo Simon. Entre os pontos destacados estiveram os novos desafios impostos pelo aquecimento global e pelas ondas de calor, que aumentam os riscos de doenças e agravam a vulnerabilidade de populações específicas, como crianças, idosos, gestantes, pessoas em situação de rua, atletas, agricultores, garis e pacientes debilitados ou sem acesso a ventilação adequada.
O palestrante chamou a atenção para a necessidade de os profissionais de saúde estarem preparados para reconhecer os sinais e sintomas relacionados ao calor extremo, que podem variar de quadros leves, como fadiga e tontura, até situações graves, como convulsões, perda de consciência e insuficiência respiratória.
Outro aspecto abordado foi o impacto das transformações ambientais na relação entre humanos e outras espécies, como bactérias, animais e plantas, destacando evidências científicas sobre melhores desfechos em tutores de pets, populações indígenas isoladas e a importância das bactérias para a saúde da pele e do intestino. Também foi discutida a queda da ideia de “combate às bactérias”, com novos olhares sobre probióticos e prebióticos.
Logo depois, os participantes acompanharam a exposição sobre Bioética, Ética Médica e uso das redes sociais, que destacou os desafios éticos enfrentados pela categoria diante da crescente presença digital.
Também ocorreu a mesa-redonda “Residência Médica no Brasil: presente e futuro”, que reuniu especialistas para debater gargalos do sistema, a oferta de vagas e o impacto das mudanças recentes na formação dos profissionais.
O dia contou com participação Marnio Costa (diretor de assuntos jurídicos da Federação Médica Brasileira e diretor de formação sindical do Sindicato dos Médicos do Estado da Paraíba); Ronald de Lucena Farias (presidente da Associação Médica da Paraíba) e Rodrigo Cariri (diretor de programas da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde).
Durante as palestras, acadêmicos levantaram questionamentos sobre a preparação prática durante a graduação e os caminhos para uma atuação médica mais responsável diante das demandas sociais e ambientais.
A segunda noite do evento foi encerrada com uma solenidade que contou com a presença de Pedro Matias (Secretário de Juventude da Paraíba), Dra. Débora Cavalcanti (vice-presidente do CRM-PB), Dr. Wilberto Trigueiro (presidente da Academia Paraibana de Medicina), Dr. Fernando Mendonça (presidente da FMB), Dr. Tarcísio Campos (presidente do SIMED-PB), Maria Eduarda Italiano (integrante do NAMJ/SIMED-PB), Arina Peixoto Nobre (presidente do Sindicato Estudantil vinculado ao Sindicato dos Médicos do Ceará) e Fernando Melo Neto (coordenador médico do NAMJ/SIMED-PB).
A programação da noite foi marcada ainda por um coquetel de confraternização e pela apresentação musical do cantor paraibano Osmídio Neto.
O que rolou pela manhã
Na abertura do dia, o presidente do CRM-PB, Dr. Bruno Leandro, apresentou dados sobre o ensino médico no Brasil e defendeu a criação de um exame de proficiência para avaliar a formação dos futuros médicos. Segundo ele, o crescimento no número de formandos exige maior atenção em relação à qualidade da formação.
“Em 2024, tivemos 1.486 novos médicos na Paraíba, e a previsão é de que em 2025 esse número chegue a 1.600. É um volume expressivo, que reforça a necessidade de discutir mecanismos de avaliação para garantir que todos tenham a capacitação adequada”, afirmou.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o Brasil soma 436 cursos de medicina, entre públicos e privados, com mais de 46 mil vagas por ano. O tema foi reforçado pelo presidente do Simed-PB, Dr. Tarcísio Campos, que defendeu a importância do exame de proficiência para assegurar a qualidade e a segurança da população.
O Congresso segue até amanhã (2), quando será finalizado com a Carta de João Pessoa 2025, documento que reunirá propostas e diretrizes para o fortalecimento da categoria médica no Brasil.