Por Dr Vanio Lisboa – presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC)
A formação médica no Brasil sempre foi motivo de atenção e, nos últimos anos, de crescente preocupação. O número de faculdades de Medicina disparou, muitas vezes sem a devida estrutura e qualidade exigidas para uma formação segura, responsável e ética. Médicos mais experientes, que acompanharam outras gerações em sua trajetória profissional, têm expressado com frequência o temor sobre o que está sendo construído como olhos voltados para o futuro da Medicina.
Não se trata de desconfiança gratuita ou de resistência às novas gerações. Trata-se, sim, de uma constatação responsável de quem conhece os riscos da má formação para os pacientes, para os profissionais e para o próprio sistema de saúde.
Diante desse cenário, é imprescindível que os sindicatos de base estejam atentos, vigilantes e próximos das universidades. O SIMESC tem se posicionado como parceiro dos estudantes de Medicina, não apenas para acolhê-los em seus primeiros passos na profissão, mas para compreender de perto como tem sido conduzida essa formação.
Sabemos que essa proximidade não substitui avaliações técnicas ou aferições científicas, mas ela oferece algo igualmente valioso que o contato direto com quem vive a realidade da graduação. Escutar esses futuros médicos é entender onde estão as lacunas, os excessos, as carências e as inquietações. É também uma forma de construir confiança desde o início — confiança em uma entidade que estará presente na defesa, na orientação e na proteção jurídica desses profissionais quando eles entrarem no mercado de trabalho.
O acadêmico de hoje é o médico de amanhã. E, cedo ou tarde, enfrentará plantões difíceis, dilemas éticos, riscos jurídicos e exigências burocráticas que podem comprometer não apenas sua atuação, mas sua saúde mental e estabilidade profissional. Por isso, é fundamental que o sindicato esteja ali, desde já, como uma referência sólida de apoio e segurança.
Formar bem um médico não é responsabilidade apenas da universidade. É também missão de toda a sociedade. Os sindicatos, com suas trajetórias de lutas e proteções, têm papel ativo nesse processo.
Estar ao lado do estudante é preparar o futuro do Médico e da Medicina. É garantir que, independentemente das falhas do sistema, o médico não estará sozinho.