O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) vem a público manifestar indignação e repúdio às declarações emitidas em nota da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, na manhã deste 28 de março; data em que os médicos realizam uma paralisação de 24 horas dos atendimentos eletivos:
- A PBH divulgou à imprensa que “entre 2017 e 2023, os médicos concursados da Prefeitura de Belo Horizonte tiveram, em média, um aumento salarial de mais de 61%, advindo dos reajustes gerais e de outros benefícios específicos concedidos. A média remuneratória da categoria para uma jornada de 40 horas semanais é de R$ 22.052,01”. Entretanto, o Sinmed-MG destaca que o real índice de reajuste neste período foi de 25,84% conforme levantamento realizado pelo Dieese, o que mostra uma diferença elevada em relação ao valor que a PBH divulgou em nota.
- A defasagem salarial dos médicos da PBH vem se acumulando ao longo dos anos e por tal razão, eles buscam valorização profissional já que o índice inflacionário do período ultrapassou 35%, ou seja, o reajuste concedido no período citado está aquém desse valor.
- Atualmente, um médico concursado que inicia a carreira na PBH tem como salário base para 20 horas, o valor de R$ 4.887,94 e para 40 horas, R$ 9.775,88. Então, informar que o médico ganha mais de 20 mil reais é desrespeitar aqueles que trabalham tanto para oferecer um atendimento digno à população.
- A falta de profissionais também é um problema sério que preocupa o sindicato e a categoria. Há tempos, temos denunciado as unidades de saúde lotadas por falta de equipes completas e a sobrecarga de trabalho dos poucos profissionais que ainda estão na linha de frente dos atendimentos. E agora, com o aumento de casos de dengue e chikungunya reforçamos ainda mais a necessidade de ampliar o número de médicos e oferecer condições adequadas para atendimento à população.
- A PBH diz também que “No que se refere à segurança, as unidades de saúde possuem equipamentos de segurança eletrônica como câmeras, alarmes e botão do pânico instalados e acompanhados por empresa especializada, que é acionada para cada acontecimento denunciado”, mas é necessário lembrar que a segurança realizada por câmeras não previne a ocorrência de episódios de violência pois a superlotação é o problema central desse cenário crítico.
- Lembramos que não só o índice de recomposição salarial não retroativo motivou a paralisação de 24 horas, mas também os dados divulgados acima somados à pressão assistencial diversas, como: epidemia de dengue, pandemia, gripe e doenças respiratórias sazonais que foram considerados pela categoria. Essa tem sido uma dura realidade desses profissionais.O Sinmed-MG pede o apoio e compreensão da imprensa e da população para esse fato tão grave. A decisão de paralisação por 24 horas, votada em assembleia ontem (27/3), foi o recurso encontrado pela categoria que está tentando negociar junto à gestão medidas que visam não apenas melhorar o salário mas também oferecer condições dignas para que os profissionais consigam atender a alta demanda de pacientes.
Fonte: Sinmed-MG