Apesar dos baixos salários e das dificuldades em relação às condições de trabalho, principalmente, no que diz respeito às escalas de trabalho defasadas, diante da postura receptiva da gestão em abrir diálogo e negociação, médicos vinculados à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) deliberaram em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), dia 28, por não deflagrar greve ou paralisação provisoriamente.
Além disso, entendendo os possíveis danos à população consequentes da greve ou paralisação, a categoria também deliberou por continuar mobilizada pelos seus pleitos. A assembleia foi promovida pelo Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) via videoconferência.
Votação pela greve ou paralisação teve margem apertada
Na AGE, a decisão dos médicos pela não deflagração da greve ou paralisação foi tomada em votação por uma margem apertada, demonstrando a insatisfação de grande parte dos presentes, em que 51% votaram contra a greve e 49% a favor.
Entre as reivindicações, a que culminou pelo indicativo de greve da categoria, deliberada em AGE realizada no dia 14 de fevereiro, foi a Resolução 10688, de 26/12/2022, e seus efeitos no trabalho médico.
A assembleia foi conduzida pelo Diretor de Mobilizações do Sinmed-MG, Cristiano Maciel, que também é servidor concursado da Fhemig. A Resolução10688, com previsão para entrar em vigor a partir de 1º de abril de 2023, trata do cumprimento de carga horária, sobreaviso, perda do plantão de 6h, impactos horizontais e diaristas, trabalho em feriados e pontos facultativos.
Postura receptiva da gestão em relação aos pleitos médicos após posicionamento da categoria médica
Após, a AGE do dia 14 de fevereiro com indicativo de greve, foram realizadas duas reuniões entre representantes dos médicos e gestores da Fhemig, sendo que em uma delas com a presença do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais.
Segundo médicos presentes, os encontros com a gestão foram positivos e caminham para a abertura do diálogo.
Já sobre a principal reivindicação da categoria, no momento, ou seja, a Resolução 10688, a diretoria da fundação se posicionou disponível em atender aos pleitos dos médicos, retirando pontos mais deletérios e alterando outros, como: a manutenção dos turnos de 6h para plantonistas, diaristas, especialistas; e dos plantões de 24h, além de manter a possibilidade de flexibilidade dos regimes de carga horária.
Na avaliação dos médicos da Fhemig, da forma como estava proposta, a resolução deixaria as regras muito rígidas e tornariam ainda mais difícil atrair novos médicos para recompor a escala. Ou seja, com um risco ainda maior de saída de muitos profissionais médicos, que não se adequariam a tal regime.
Além disso, médicos e Sinmed-MG reforçaram, durante a assembleia, que a mobilização médica e de outras categorias da Fhemig foram extremamente indispensáveis para a construção do atual diálogo com a gestão e também para a evolução do movimento reivindicatório da categoria.
Nesse contexto, apesar das enormes dificuldades dos médicos e do sindicato, o movimento vem proporcionando conquistas importantes, como a realização de um grande concurso público, com abertura de vagas para todas as categorias de servidores, especialidades médicas, setores e unidades.
A expectativa é positiva, visto que a Fhemig não realiza um concurso deste porte há quase 10 anos e apesar dos baixos salários, que prejudicam a atração para a contratação de novos médicos, a experiência do Sinmed-MG demonstra períodos de melhoria das escalas e das condições de trabalho, após os concursos mais robustos, como o que foi conquistado e que tem previsão de publicação de edital até abril de 2023 e realização de provas no início do segundo semestre.
Novas assembleias serão realizadas para acompanhamento dos retornos da Fhemig e o movimento de greve não está descartado, caso a Fhemig não cumpra com os compromissos acordados nas reuniões realizadas entre médicos e gestores.
Fonte: Sinmed-MG