Reunidos no Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (SINDMED), em Campinas, médicos e dirigentes médicos participaram nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, III Congresso da Federação Médica Brasileira (FMB). O evento contemplou palestras e debates que envolveram o ensino, o mercado de trabalho e a atividade médica, bem como o balanço do primeiro ano da Gestão 2018-2021.
“Agradecemos a diretoria do Sindicato de Campinas por abrir sua casa para nos receber. Foi um evento que proporcionou, além da convivência, a ampliação do conhecimento e a definição de novas estratégias de atuação”, destaca o presidente da FMB, Casemiro dos Reis Júnior, que também confirma alteração estatutária que será detalhada nos próximos dias.
Revalida
No segundo dia, os debates tiveram como temas Revalida, Telemedicina e os desafios do ensino médico. A médica Miyuki Goto coordenadora da CBHPM da Associação Médica Brasileira (AMB) detalhou as etapas da realização do Revalida. “O Brasil tem situações muito específicas e a avaliação pelo Revalida trata sobre isso, como por exemplo, esse candidato está apto a atender gestantes em risco de zika? Na primeira etapa da prova o candidato tem que fazer 85 pontos de uma prova de 150 questões. Na segunda etapa, completar 62% das 10 estações da prova”, comenta.
De acordo com Miyki, houve um aumento muito expressivo dos candidatos a Revalida entre 2011 a 2016 – saltou de 536 para 6162 inscritos. “A maioria é de brasileiros, seguidos por bolivianos, cubanos e paraguaios”. O Revalida teve problemas em 2017. Em 2018 não foi realizado e há a medida provisória tramitando para modificar a forma de realização. “A linha de candidatos é crescente e tem muita gente esperando. Nessa nova proposta, o candidato poderá fazer a segunda fase mais de uma vez, sem ter que fazer todo o processo novamente. O índice de aprovação é um pouco abaixo dos 30% e as pessoas perguntam se a prova é muito difícil. O que temos que ver é que existe uma demanda aumentada e o nível desses egressos é que tem que ser questionado”, apontou.
Telemedicina
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CRM-PE), Mário Fernandes Lins, falou sobre o projeto de Telemedicina que a Entidade colocará em prática no Estado até que o Conselho Regional de Medicina (CFM) regulamente o assunto. “Promovemos um debate e elaboramos 21 artigos. O avanço da tecnologia é exponencial e no próximo ano entra em vigor a legislação sobre confidencialidade digital e nós somos responsáveis pela confidencialidade dos pacientes e não temos uma resolução específica para isso. Ou vamos atrás de resolver essa situação ou a justiça vai nos pegar. A telemedicina, a teleconferência, a telecirurgia são realidades. Precisamos regulamentar para evitar que tenhamos problemas éticos profissionais. Somos 55 especializes e 59 áreas de atuação. Não podemos deixar que as coisas se acomodem de maneira inadequada. A tecnologia é uma poderosa ferramenta à disposição do médico no sentido de aprimorar o conhecimento. Consulta presencial sempre. Ao tocar o paciente você alcança sua alma”, destacou.
Desafios da formação
O diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM/UNICAMP), Luiz Carlos Zeferino falou sobre os Desafios do Ensino e da Residência Médica, que inclui o desafio de ensinar, o desenvolvimento curricular baseado em competências, a integração dos conteúdos curriculares, o desenvolvimento docente – que inclui a valorização do papel do professor, a incorporação de novas tecnologias pedagógicas, o choque de gerações no ensino, a saúde mental do estudante, o engajamento estudantil e o ensino multiprofissional na integração do cuidado na formação médica.
“O pouco incentivo formação de profissionais para atenção primária é uma falha grave dos cursos de Medicina no Brasil. No Canadá, por exemplo, 50% dos egressos são de Saúde da Família. Na Espanha, um terço. No Brasil ainda estamos batendo cabeça para saber se isso é bom”, explicou.
Primeiro dia
A reunião de Diretoria Executiva foi realizada no primeiro dia, quando os dirigentes sindicais falaram sobre as principais atividades e questões particulares dos sindicatos. Trocaram informações sobre produtos e serviços disponibilizados aos médicos filiados, reajuste das mensalidades, contratos pessoas jurídicas, condições de trabalho e o cenário nacional da luta médica.
O professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (CESIT) José Dari Krein, realizou a conferência Mudanças no Mundo do Trabalho, em que apresentou uma linha histórica sobre a criação do período desfavorável ao trabalho para a grande maioria dos trabalhadores.
A atividade médica, suas transformações e estratégias de atuação do movimento sindical estiveram na pauta bem como a teoria do britânico Audrey de Grey sobre o fim do envelhecimento. O jornalista Nicolas Chernavsky e a mestre em Química pelo Instituto de Química da UNICAMP, Nina Torres Zanvettor, apresentaram a palestra sobre o livro O fim do envelhecimento – como a ciência pode desfazer o envelhecimento e evitar as doenças ligadas a ele, de autoria do biogerontologista britânico Aubrey de Grey.