Diretores do Sindicato dos Médicos do Pará promoveram esta semana uma visita técnica às instalações do Hospital João de Barros Barreto. A falta de insumos e problemas estruturais no prédio que abriga o hospital provocaram uma situação caótica que foi denunciada ao Sindmepa e a outras entidades ligadas à saúde no estado por profissionais que atendem no hospital universitário.
Gerenciado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) uma “empresa pública de direito privado, vinculada ao Ministério da Educação”, o hospital vem registrando problemas graves que resultam em índices de óbito acima da média em determinados setores.
É o caso da Unidade de Terapia Intensiva. Com capacidade para dez leitos, a UTI só funciona em sua plenitude com cinco leitos. Dois deles estão interditados pela presença de goteiras. Outros dois não dispõem de equipamentos próprios para acolher pacientes graves e outro é cedido à área de nefrologia para pacientes de diálise.
Além da carência estrutural, a falta de medicamentos e insumos básicos também prejudicam o rendimento da UTI, que já chegou a ficar sem antibiótico e material para sedação de paciente. “Mês passado não tinha antibiótico, hoje não tem sulfa injetável”, disse um intensivista. Todo esse quadro resulta em um elevado índice de óbitos na unidade. No mês de maio foram registrados cerca de 60 óbitos na UTI e em junho, em apenas um final de semana, foram registrados 13 óbitos.
A falta de insumos afeta o hospital como um todo. Na ala da Clínica Médica, de um total de 42 leitos somente doze estão ativos. A maioria está bloqueado por falta de manutenção. Enfermarias que poderiam funcionar com 20 pacientes estão vazias. Sem contrato com uma empresa de manutenção, leitos com tecnologia automatizada, estão parados. Nem mesmo as poltronas de acompanhantes escapam da ação do tempo. Muitas estão encostadas com seus assentos rasgados ao lado dos leitos vazios. Um cenário de abandono.
No setor de farmácia a gerente mostra uma série de produtos que tiveram reposição. Mas os médicos alertam que a reposição se resume aos leitos ativos, o que não representa nem um terço da capacidade do hospital. Nas listas de medicamentos e insumos que não se encontram no hospital ainda aparecem itens como fio mononylon, fraldas e luvas cirúrgicas. Insumos básicos para atendimento.
A visita técnica do Sindmepa incluiu os setores de Pediatria, infecto, unidade respiratória, UTI e Unidade de Clínica Médica. O relatório completo será enviado às autoridades ligadas à área da saúde, como CRM, Ministério Público, Secretaria de Saúde do Estado e Ministério da Saúde. Participaram da visita os diretores Erivaldo Pinheiro, Wilson Machado e José Martins.
Fonte: Sindimepa