Sequestro, tiroteio, vandalismo, invasão e roubos. Parece a descrição de uma guerra, mas este é o cotidiano enfrentado por profissionais e pacientes nos postos de saúde de Fortaleza. A cada dia, o Sindicato dos Médicos do Ceará recebe um número maior de denúncias com relatos e boletins de ocorrências (BOs) sobre graves casos de violência nas unidades de saúde, locais que deveriam ser, sobretudo, seguros. Inclusive, os BOs são subnotificados, sendo apenas cerca de 20% dos casos denunciados, tendo em vista o receio das vítimas em se exporem.
Dentre os inúmeros acontecimentos violentos está o vivido por uma médica no Posto de Saúde Irmã Hercília, situado no bairro São João do Tauape. Todos os seus pertences foram levados após ter o carro invadido por bandidos. Também no mesmo local, uma enfermeira sofreu momentos de terror quando foi sequestrada e mantida em cárcere privado ao ser confundida com uma médica.
“São muitas histórias de carros danificados, pneus roubados, furtos e roubos. Aqui, trabalhamos sempre com medo”, declara uma médica que atua na referida unidade e que prefere não ser identificada com medo de represália.
Os casos não param. No Posto de Saúde Luciano Torres de Melo, no bairro Vila Manoel Sátiro, os BOs são rotineiros. Em outubro de 2017 e em janeiro de 2018, dois casos graves de violência causaram pânico. Bandidos invadiram a unidade armados, ameaçaram e roubaram objetos de profissionais e pacientes.
Segundo o presidente do Sindicato, Dr. Edmar Fernandes, diante da situação caótica de insegurança nos postos de saúde, é preciso uma ação imediata no sentido de conter a violência, para que os profissionais possam atender a população com tranquilidade. “A violência aumentou significativamente depois que a Prefeitura retirou os guardas que faziam a segurança nos postos de saúde. Agora, pedimos que a gestão se sensibilize com a situação e adote uma medida imediata de retornar com essa segurança, para evitar que mais casos de violência aconteçam, pois todos sofrem com isso, não apernas os médicos, o temor é geral entre as equipes de saúde e os pacientes”, cobra.
O Sindicato dos Médicos do Ceará segue firme contra o descaso do poder público. A entidade apoia as ações promovidas pelos profissionais da Atenção Básica de Fortaleza, a exemplo da paralisação ocorrida na última segunda-feira (3), cuja principal motivação foi justamente a insegurança nas unidades de saúde.