Falhas na distribuição de medicamentos para Aids prejudicam pacientes em todo o Pará. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), os problemas começaram ainda no primeiro semestre e três remédios estão em falta. Sem solução prevista, quem depende do coquetel está preocupado.
A militar reformada Amélia Garcia é soropositivo e faz tratamento há 23 anos. Mas, as pílulas que ela toma todos os dias só vão durar até a semana que vem. Ela diz que o medicamento está em falta: “Não tem. Pegaram hoje seis frascos emprestados lá do Casa Dia para abastecer a Ure Dipe”, conta Amélia.
A falta de medicamento seria na Unidade de Referência Especializada (Ure Dipe), em Belém, um dos 23 locais no Pará que fazem a distribuição dos 37 remédios do coquetel para o tratamento de Aids e HIV pelo Sistema Único de Saúde. Quatro mil pessoas retiram os remédios no local.
Ednaldo é soropositivo e integrante de uma Ong que reúne pacientes com a infecção. Todas as semanas ele vai a unidade e na última terça-feira (5) constatou que alguns medicamentos não estavam disponíveis.
“Infelizmente essa situação vem se perdurando durante todo esse ano. Março teve, junho teve e agora mais uma vez está tendo de novo, tanto aqui, como no Casa Dia”, afirma Ednaldo Silva, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/ Aids.
Segundo o grupo Paravida, a reclamação vem de todo o estado. ”Você imagina um estado com dimensões continentais como o Pará nós termos deficiência de medicamento. Pacientes que precisam de remédio para 60 dias, tá pegando pra 10, 15 dias. Esse paciente vai ficar sem o medicamento e naturalmente pode desenvolver infecções oportunista”, explica Jair Santos, presidente do Paravida.
Segundo a Sespa, dos 37 medicamentos que fazem parte do coquetel que o Ministério da Saúde tem que distribuir, três estão em falta: Raltegravir (400 mg); Abacavir (300 mg) e Efavirens (600 mg), o mais usado.
Ainda de acordo com a Sespa, desde o primerio semestre há falhas na distribuição dos medicamentos por parte do Governo Federal, que não está atendendo a demanda. “O que ocorreu é que o quantitativo devidamente autorizado não foi encaminhado pelo Ministério da Saúde dentro do cronograma necessário. O quantitativo que nós estamos recebendo não abrange a necessidade de pelo menos um mês dentro do estado”, afirmou Débora Crespo, coordenadora Estadual DST/ Aids.