Imagens feitas pela produção da Rede Amazônica mostram a superlotação no Hospital Geral de Roraima, o maior do estado. O flagrante, feito nessa quarta-feira (22), exibe pacientes internados em cadeiras e recebendo atendimento no corredor da unidade.
Um trecho do vídeo mostra até um idoso sendo colocado em uma cadeira quebrada. Mesmo com o aviso indicando o problema, ele é acomodado no assento.
Em nota, Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que uma das medidas adotadas para a minimizar a superlotação nas unidades é um convênio com o hospital Lotty Íris para a utilização de leitos retaguarda. (Veja nota na íntegra abaixo)
Insatisfeitos, acompanhantes reclamam da precariedade descaso e da maneira como familiares são tratados na unidade.
“Lá dentro do hospital situação é muito precária, não tem espaço. Não local para os pacientes ficarem. Acompanhante não tem nem como sentar, fica no corredor, em pé”, disse Ivoneide Sousa, que tem um familiar internado no HGR.
Uma outra acompanhante relata também a falta de macas ou qualquer conforto que possa contribuir para a reabilitação de quem está doente.
“As coisas estão muito ruins. Tem gente que está sem maca, sem travesseiro, ou em uma maca sem nada”, descreve Vanessa Costa. Ela também te familiar internado no local.
No dia 2 de novembro a direção do HGR se comprometeu a retirar, dentro de 15 dias, os pacientes que esperam nos corredores do hospital. Entretanto, 20 dias depois, a situação permanece.
A promessa ocorreu durante reunião com o Ministério Público do Estado, que visitou a unidade após denúncias de superlotação e até baratas circulando nos leitos.
Demora na marcação de consultas
A demora na marcação para realização de exames, consultas e cirurgias também é outro motivo de reclamação.
No hospital Coronel Mola, localizado no Centro da capital, quem busca por marcar qualquer procedimento aguarda em pé e no calor, pois não há refrigeração no local.
“O ventilador é só de enfeite”, desabafa um paciente na fila. A burocracia e demora para conseguir agendar consultas é algo recorrente, como destacou o servidor público Nielsen Alves. ele conseguiu marcar uma consulta para a mãe após quatro tentativas.
“Por diversas vezes a gente tenta marcar e não consegue, por falta de vagas ou por algum empecilho colocado pela gestão”, contou Nielsen.
A dona de casa Lindalva Nascimento disse ter viajado de Mucajaí, cidade ao Sul de Roraima, distante cerca de 58 Km de Boa Vista, mas não conseguiu marcar a consulta.
“Enfrentei a fila, mas acabou a ficha”, lamentou.
Já o auxiliar de serviços gerais Sandro Vale relatou que há três anos aguarda na fila para fazer uma cirurgia cardiovascular, mas não consegue. “Os exames vencem, eu volto. e estou há três anos nessa luta”.
Nota da Sesau
Uma das medidas adotadas para minimizar a superlotação nas unidades é um convênio com o Hospital Lotty Íris para utilização de leitos de retaguarda, no total de 60 leitos. Para a unidade são encaminhados os pacientes que já passaram pela assistência de urgência e emergência, para observação clínica.
A partir de dezembro, com a inauguração do Hospital das Clínicas, primeiro hospital construído na capital em mais de 30 anos, serão criados mais 120 leitos. Desta forma, os pacientes serão atendidos primeiramente no HGR e depois de estabilizados, serão encaminhados para o Hospital das Clínicas para observação clínica. Com isso, acabará o problema das macas nos corredores.
Para impedir que cirurgias sejam canceladas por falta de leitos, está em construção um anexo para o HGR com mais 120 leitos de internação, 40 leitos de UTI e 10 salas de cirurgia, resolvendo pelas próximas décadas o déficit de leitos em Roraima.
Para garantir que mais pessoas sejam atendidas no interior do Estado, a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) está investindo em equipamentos para as salas de emergência nas unidades com maior demanda. Os municípios terão mais capacidade de atender casos de urgência, diminuindo o número de transferências para os hospitais da capital. Até o fim deste mês estas unidades devem estar totalmente equipadas, diminuindo a demanda no HGR no Pronto Atendimento Cosme e Silva.
*Colaboraram Bruna Andrade e Ráyra Fernandes, da Rede Amazônica Roraima
Fonte: G1