No Brasil, 11 mil pessoas em média tiraram a própria vida por ano. É a quarta maior causa de morte de brasileiros entre 15 e 29 anos, informam dados inéditos do Ministério da Saúde divulgados na quinta-feira, 21 de setembro. Entre 2011 e 2015, o número de suicídios cresceu 12%.
Em 2011, foram 10.490 mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015, foram 11.736 mortes: 5,7 a cada 100 mil. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 2017.
Até 2020, a pasta informa que será lançado um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio. Serão trabalhados três eixos: o primeiro é de ‘Viglância e Qualificação da Informação’. Nele, será feita a promoção de estudos e pesquisas para levantar as informações sobre o quadro de suicídios no País.
O segundo é de prevenção do suicídio, no qual a pasta pretende trabalhar com a imprensa a forma como deve ser tratado o tema. Por fim, será definido um plano para Gestão e Cuidado, com educação permanente para qualificar profissionais da saúde na prevenção do suicídio.
A agenda de prevenção do Ministério prevê ainda a expansão dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), iniciativa do SUS, nas regiões de maior risco. Hoje, o risco de suicídio é reduzido em até 14% nas regiões que contam com o centro. Hoje, o Brasil conta com 2.463 CAPS.
O Ministério da Saúde tornou gratuita a ligação para o Centro de Valorização da Vida, instituição que presta apoio emocional para prevenção de suicídios, em oito estados. A partir de 30 de setembro, a ligação para o 188 ficará disponível gratuitamente em: MS, SC, PI, RR, AC, AP, RO e RJ.
No Rio Grande do Sul, onde já funciona gratuitamente desde setembro do ano passado, o número de atendimentos cresceu de 4,5 mil em 2015 para 58,8 mil de janeiro a agosto deste ano.
As iniciativas visam diminuir em 10% o número de óbitos por suicídio até 2020, meta da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 2011, a notificação de tentativas e mortes por suicídio é obrigatória no País em até 24h. Em 2013, o país se tornou signatário do Plano de Ações em Saúde Mental da OMS.
Taxa de mortalidade é maior entre homens
Mas a taxa de mortalidade de homens por suicídio é 3,6 vezes maior que entre mulheres. Entre homens, 79% e entre mulheres 21%.
Solteiros, viúvos e divorciados foram os que mais morreram por suicídio (60,4%).
Indígenas apresentam maiores índices de mortalidade. A taxa de mortalidade entre índios é quase três vezes maior (15,2) que o registrado entre brancos (5,9) e negros (4,7).
Fernando Albuquerque, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, explica que disputa por territórios e discriminação racial impactam diretamente no alto índice de suicídio entre indígenas, expresso de forma mais significativa entre os mais jovens.
“Tem elementos agravantes que vão dizer respeito ao contato com a sociedade não indígena. Há discriminação racial sofrida por indígenas e dificuldade de acesso à terra. A transição da vida infantil para a vida adulta, a gente ouve relatos que ‘é como se viver entre dois mundos’. Isso gera conflitos emocionais que tem levado muitos jovens indígenas ao suicídio.”
Mais mortes no Sul
O meio mais utilizado é o enforcamento, que representa 66,1 % entre homens e 47% entre mulheres. A segunda maior causa é a intoxicação exógena e a terceira arma de fogo.
A região Sul é a que mais tem suicídios. Os casos estão concentrados em municípios menores e de alta renda.
Em relação às tentativas de suicídio, entre 2011 e 2016 ocorreram 48.204 tentativas e o principal meio é envenenamento ou intoxicação (58%). Nesse grupo, as mulheres são maioria (69%) e 31,1% tenta mais de uma vez.
Apenas 66% dos municípios têm notificado a pasta sobre os índices de óbitos, segundo Maria de Fátima Souza, diretora da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Ela aponta que, para alcançar a meta da OMS, o ministério vai concentrar esforços em regiões com mais incidência de mortes por suicídio.
“Se eu quero um impacto rápido, tenho que intensificar onde é mais incidente. A nossa proposta é reforçar as áreas onde tem maior incidência de suicídio em que parece ter outros determinantes. Aí posso juntar esforços e reduzir”, afirmou.
Fonte: G1
Foto: Bianca Marinho/G1