A família de um jovem de 17 anos, que morreu vítima de um traumatismo craniano causado por um acidente de trânsito, em Maceió capital de Alagoas, autorizou a doação de órgãos para realizar o desejo do rapaz ainda manifestado em vida. Ele ainda chegou a ser socorrido pelo SAMU-Maceió ao hospital.
Após passar mais de 10 dias internado, foi constatada a morte encefálica do adolescente pela equipe médica na sexta-feira, 15 de setembro, a família então decidiu fazer a doação de órgãos.
A reportagem do Diário do Sertão, entrou em contato com a médica sousense Natália Sarmento, ela trabalha na Santa Casa de Misericórdia em Maceió e participou da captação do coração que foi transplantado em um paciente que estava internado no mesmo hospital.
“Todos os órgãos possíveis de transplante (no caso dele coração, rins e fígado) foram capazes de dar sobrevida com qualidade à essas pessoas que estão há algum tempo nas filas de transplante. E essa “oportunidade” de viver só foi possível com a generosidade da família que apesar de estar se despedindo do familiar querido, pensou que ele poderia ‘viver’ um pedacinho em cada um dos receptores dos órgãos! É a continuidade da vida”, disse Natália.
Os médicos informaram que o fígado foi levado para Fortaleza-CE e um dos rins para Arapiraca-AL e transplantados em outros dois pacientes.
Equipe médica:
O procedimento hospitalar foi feito pelos seguintes médicos: Drª Natália Sarmento, Dr. Bruno Coutinho, Dr. Flávio Marinho, Dr. Ítalo Gondim (Anestesiologia), Dr. Bruno Tavares (Cirurgia Cardíaca e cuidados com o paciente doador), Dr. José Wanderley, Drª Rafaela Sales e dr Klebert Tenório (Cirurgia Cardíaca), Dr. Oscar Ferro e Dr. Aldo Barros (Cirurgia Geral e transplante).
Tire suas dúvidas sobre doação de órgãos:
Como posso ser doador?
Hoje, no Brasil, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar sua família do desejo da doação. A doação de órgãos só acontece após autorização familiar.
Que tipos de doador existem?
Doador vivo – Qualquer pessoa saudável que concorde com a doação. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, somente com autorização judicial.
Doador cadáver – São pacientes em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico como qualquer outra cirurgia.
Quais órgãos e tecidos podem ser obtidos de um doador cadáver?
Coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos e tendão.
Para quem vão os órgãos?
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado e controlada pelo Ministério Público.
Como posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?
Não existe dúvida quanto ao diagnóstico. O diagnóstico da morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar.