O número de transplantes de córneas no Hospital de Clínicas da Unicamp subiu 63,33% nos cinco primeiros meses de 2017, em relação ao mesmo período de 2016. De acordo com a Universidade Estadual de Campinas, os procedimentos foram de 60 para 98.
Diretora médica do Banco de Olhos da Unicamp, Denise Fornazari destaca que o investimento em novas tecnologias ajudou a ampliar o número de procedimentos. “Com o novo equipamento podemos fazer o transplante lamelar profundo, que é realizado em uma camada da córnea e a recuperação é mais rápida“, explica.
Mais doadores
A ampliação no número de procedimentos é celebrada, mas a médica ressalta a importância da conscientização na doação de órgãos e tecidos.
“Tudo começa com a doação e as campanhas precisam ser constantes. Sempre que se toca no tema, as doações aumentam e depois voltam ao patamar de antes. Precisamos trabalhar continuamente para manter o número de doadores“, defende Denise.
O médico Leônico Queiroz Neto, do Hospital Penido Burnier, reforça a importância do aumento das doações de córneas. “Eu vou falar como transplantador. A córnea é um pouco de egoísmo não querer doar. Por quê? É um dos únicos tecidos que eu posso retirar até seis horas após parar o coração. Ela é diferente de outros órgãos”, ressalta Queiroz Neto.
O especialista alerta ainda que após o processo de doação, a córnea pode ser conservada por até 14 dias, prazo suficiente para o sistema encontrar pacientes que aguardam o transplante.
Recorde em 2016
O HC atingiu 351 transplantes de todos os tipos de órgãos em 2016 e bateu o recorde da unidade médica desde 1984, quando o procedimento começou a ser feito. Segundo a unidade, o HC está entre os dez hospitais que mais realizam transplantes no Brasil e é o que mais executa procedimentos deste tipo no estado de São Paulo.
De acordo com a instituição, com o número de cirurgias do ano passado, o hospital chegou a um total de 6,2 mil processos de transplantação de órgãos e tecidos realizados na unidade médica.
Ainda segundo o hospital, o tipo de transplante mais comum em 2016 foi o renal (136 processos), seguido de córnea (123) e cardíaco (8).
Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que têm menos tempo de preservação (de 4 a 6 horas). Já fígado e pâncreas tem tempo máximo de 12 a 24 horas, enquanto os rins podem levar até 48 horas para serem transplantados. Por fim, as córneas e os ossos permanecem em boas condições por até sete e cinco dias, respectivamente.