Os números da sífilis, doença sexualmente transmissível (DST), são preocupantes no Brasil. No período de 2010 a junho de 2016, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) um total de 227.663 casos de sífilis adquirida (adulto). No mesmo período, foram registrados no RS 26.832 casos de sífilis.
A doença chamou atenção em 2015, quando o Rio Grande do Sul foi o Estado com maior taxa de detecção de sífilis adquirida, 111,5 casos a cada cem mil habitantes, seguido por Espírito Santo, 85,2 por cem mil, e São Paulo, 75,6 casos por cem mil habitantes. Ou seja, o RS foi o Estado com maior número de casos proporcionalmente a sua população.
O Ministério da Saúde (MS) aponta alguns motivos que podem ter contribuído para o atual cenário, entre os quais o sexo desprotegido, o sistema de notificação eficaz e a falha na distribuição de penicilina.
Liderança do ranking
Comparado com os outros estados brasileiros, o estado gaúcho está em 1º lugar no ranking para a Sífilis Adquirida, cuja transmissão é sexual, na área genitoanal; 2º para as Sífilis Gestante e Congênita (bebês). “O Rio Grande do Sul tem alta taxa na transmissão vertical da doença. Estamos tentando analisar as razões disso através da iniciativa interfederativa. O que sabemos é que o Estado teve um período com resistência ao uso de testes rápidos adotando o procedimento recentemente”, destacou a diretora do departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.
A médica acredita que para o controle de qualquer epidemia a gestão tem que ser constante. “Fizemos um acordo para que a Secretaria Municipal de Saúde reative o Centro de Dermatologia que sempre foi um local de referência nacional. Vamos retomar essa referência para que a gente possa dar uma resposta à população”, disse Adele.
Ministério da Saúde age para combater a doença
De acordo com a diretora, com a importação da penicilina, o Brasil está abastecido até o final de 2018. Ao mesmo tempo em que houve a importação do medicamento, o Ministério da Saúde lançou uma ação, denominada de Agenda Estratégica, para combater a Sífilis no país.
Estão previstos o incentivo à realização do pré-natal precoce, ainda no primeiro trimestre da gestação; ampliação do diagnóstico (por meio de teste rápido); tratamento oportuno para a gestante e seu parceiro; incentivo à administração de penicilina benzatina, considerada o único medicamento seguro e eficaz na prevenção da sífilis congênita. Também haverá ações de educação permanente para qualificação de gestores e profissionais de saúde.