A falta de necrotério no Hospital Regional de Amambai, a 332 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, tem causado transtorno a pacientes e familiares.
Fotos registradas por testemunhas mostram o corpo de um paciente que tinha acabado de morrer e foi deixado em uma maca no corredor do hospital.
O corpo ficou exposto aos olhos de quem passasse pelo local até ser levado pela funerária. O paciente era um indígena e estava sem documentos de identificação, por isso, demorou para ser levado pela funerária.
O caso foi na semana passada, mas a cena tem sido comum no local, segundo pacientes e familiares. A situação constrangedora chamou atenção do técnico de enfermagem lzo Arce, que também é vereador do município.
“Demorou um pouco, porque esse paciente tinha que providenciar os documentos e também não é só a questão desse paciente, a gente tem conhecimento que nem todas as famílias têm recursos, às vezes têm que esperar os trâmites legais“, afirmou Izo.
O hospital regional de Amambai foi criado em 1974 e nunca teve um necrotério. A atual administração diz que a quantidade de mortes na cidade é, em média, de 10 por mês.
Outro detalhe é que a prefeitura tem um convênio com uma funerária e, por isso, segundo a direção, os corpos ficam no hospital por poucos minutos até serem removidos.
O diretor administrativo do hospital, Paulo Sérgio Cath, explica que a falta de documentação dos pacientes atrasa a retirada dos corpos.
“A gente tem uma dificuldade grande que é a documentação e, automaticamente, quando esse paciente chega e acaba vindo a óbito, em alguns casos a gente tem uma dificuldade porque a funerária não quer retirar o corpo porque ela tem uma licitação e precisa dessa documentação. Então, acaba ficando um tempinho a mais“, constatou.
A prefeitura e o hospital estão construindo uma capela mortuária no local onde funcionava o antigo depósito de lixo. A expectativa é que a sala comece a funcionar em uma semana.
“O material foi cedido [para a construção da sala] e eu entrei com a mão de obra e a obra está praticamente concluída e a gente vai sanando essa questão. O ambiente está construindo e a gente só vai fazer umas adequações para ter um ambiente de necrotério […] onde aquele óbito vai ficar ali alguns minutos até aparecer um ente de família“, ressaltou o diretor da unidade.