Hospital Das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre (MG), é referência na região, atendendo pacientes de 191 municípios em casos de urgência e emergência. Mas a longa espera por atendimento tem sido constante, segundo moradores. Inconformados com a situação, parentes de pacientes filmaram os corredores do hospital lotados, e alguns pacientes chegam a esperar cerca de uma semana por uma internação. A instituição confirma a superlotação e afirma que a falta de repasses de verba estadual tem comprometido o atendimento.
Madalena Barbosa Silva estava impaciente nesta quarta-feira, 14 de junho. O marido dela sofreu um acidente de motocicleta na segunda-feira, 5, e mais de uma semana depois não tinha passado por cirurgia. “Na segunda-feira, que eu cheguei aqui com ele, eu cheguei 16h e fui sair era duas horas da manhã. Ele fraturou o dedinho da mão esquerda, era pra ser marcada a cirurgia 6h de hoje (quarta-feira). Eu cheguei 5h, eles marcaram, mas o corredor está lotado e até agora ele ainda não foi atendido”.
Ainda nesta quarta-feira, Elisabete Borges passou por uma situação parecida. Parentes dela também sofreram um acidente e estavam à espera de atendimento. “Ele ficou duas horas dentro da ambulância e não tinha uma maca para ‘por’ ele pra dentro. Ele está até agora lá dentro esperando um neurologista pra olhar ele, gritando de dor e não tem ‘neuro’. Ele quebrou uma vértebra, então isso aqui está um caos”.
Uma mulher fez imagens nesta terça-feira, 13, mostrando a conversa entre o médico e um paciente com o braço quebrado. No vídeo, o paciente fala que está há uma semana naquela situação. O médico, então, diz que é melhor passar o fim de semana em casa e voltar na segunda- feira, 19 de junho.
A mulher que fez a filmagem, que prefere não ser identificada, tem uma pessoa da família que também estava há dias no hospital, sem atendimento. “O pronto-socorro está cheinho, os corredores de pacientes esperando uma vaga pra internar. Diz que não tem enfermaria pra colocar eles”.
Outro vídeo feito por ela mostra o hospital cheio de pacientes, em macas espalhadas pelo corredor, até mesmo um idoso. “A situação da família é muito difícil, porque a gente vê uma coisa dessa, a gente sofre muito, porque a gente não gostaria de uma pessoa da gente lá sofrendo daquele jeito”.
Sem verba e vagas
O diretor executivo da fundação mantenedora do Hospital Samuel Libânio, Igor Souza, confirmou a superlotação nos atendimentos e disse que o Governo do Estado não tem cumprido com os repasses devidos. “Isso afeta toda a região, e como nós somos referência em atendimento à população do Sul de Minas, nós continuamos atendendo e essas pessoas vêm pra cá. Então nós estamos fazendo o que nós podemos pra continuar atendendo, realmente existe uma superlotação, um atendimento além da capacidade”.
Ainda segundo Souza, atualmente, o pronto-socorro do hospital é dimensionado para 10 pacientes ficarem em observação, mas tem uma média de 40 internados. “Por essa falta de vagas, então o cancelamento da cirurgia, ela ocorre por emergências que chegam, nós temos que atender, e infelizmente não temos vagas para todos os pacientes”.
Sobre o caso registrado em vídeo, do paciente com o braço quebrado, Souza afirmou que os médicos do hospital tem autonomia para avaliar se os casos são urgente. “Muito provavelmente, se for uma urgência, ele não vai mandar o paciente pra casa, ele vai ser atendido de alguma forma”.