Para ajudar o Brasil a enfrentar o atual surto de febre amarela, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mobilizou mais de 15 peritos em vigilância, virologia, imunização e outras áreas para atuar junto a equipes de campo do governo em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Atualmente, o país realiza campanhas de vacinação em massa nesses estados e também em São Paulo e Bahia.
Segundo informações do governo, mais de 18,8 milhões de vacinas já foram distribuídas, além dos suprimentos de imunização de rotina que somam cerca de 3,7 milhões de doses, aplicadas em 19 estados. A equipa acionada pelo agência regional das Nações Unidas inclui peritos da Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos (GOARN, na sigla em inglês).
As vacinas extras incluem 3,5 milhões de doses contra a febre amarela solicitadas pelo Brasil às reservas de emergência do Grupo Internacional de Coordenação (ICG) sobre a Vacinação. Os pedidos já chegaram ao país.
No fim do mês de março, o Ministério da Saúde brasileiro notificou 492 casos confirmados de febre amarela, com 162 mortes confirmadas. Outros 1.101 casos suspeitos estão sob investigação.
Um total de 1.324 epizootias — ou mortes em primatas possivelmente associadas à febre amarela — foram informadas à pasta federal. Dessas, 387 foram confirmadas por laboratório ou vínculo epidemiológico como causadas por febre amarela, enquanto outras 432 ainda estão sendo investigadas.
Até o momento, nos quatro estados com casos confirmados de febre amarela – Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo –, todos foram relacionados à transmissão por meio das espécies de mosquito Haemagogus e Sabethes. No entanto, ocorrências confirmadas em seres humanos e macacos em municípios próximos a grandes áreas urbanas indicam um potencial risco de urbanização do surto.
A OPAS avalia que a proliferação da febre amarela aumentou nos ecossistemas de florestas tropicais e subtropicais próximas a populações humanas.
Autoridades estão trabalhando para conter o vírus, evitando assim que ele se espalhe para as cidades, onde poderia infectar a espécie de mosquitos urbanos Aedes aegypti. Os dados mais recentes indicam que, para a atual epidemia, ainda não há evidência de casos humanos de infecção pelo vírus da febre amarela através desse mosquito.
Minas Gerais e Espírito Santo já registram uma queda no número de infecções, mas ações de monitoramento continua. A OPAS lembra que doenças transmitidas por vetores apresentam ciclos sazonais em áreas tropicais. A expectativa para a febre amarela é de que os casos diminuam durante as estações secas e frias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a vacinação contra a febre amarela pelo menos dez dias antes da viagem para aqueles que vão às áreas do Brasil onde há risco de transmissão da doença, incluindo o estado do Rio de Janeiro — com exceção das áreas urbanas da capital fluminense e de Niterói — e o estado de São Paulo, com exceção das áreas urbanas da capital estadual e de Campinas.
O organismo internacional recomenda ainda a vacinação para todo o estado do Espírito Santo e também de Minas Gerais. A OPAS e OMS atualizam constantemente suas diretrizes a partir de dados informados pelo governo brasileiro.
Vacinação
A febre amarela pode ser prevenida por meio de uma vacina eficaz e acessível de vírus vivos atenuados. A OPAS e a OMS recomendam apenas uma dose da vacina, o que é suficiente para conferir imunidade duradoura e proteção vitalícia contra a doença.
A vacina é contraindicada para indivíduos seriamente imunossuprimidos. Pessoas com mais de 60 anos de idade só devem recebê-la após uma avaliação de risco-benefício.
Essa vacina também não deve ser administrada em mulheres grávidas, exceto em casos que apresentam alto risco de infecção e em situações onde há uma recomendação expressa das autoridades de saúde. Também não deve ser administrada em crianças com menos de seis meses ou pessoas com doença febril aguda.
A OPAS atualmente recomenda que os países priorizem, para a vacinação, as populações que vivem em áreas endêmicas e os viajantes que vão para essas áreas. O organismo regional também aponta que a vacinação deve ser incluída no calendário de rotina de crianças a nível nacional, se houver tratamento disponível.
A agência da ONU lembra que é importante que os países compartilhem as estimativas sobre a cobertura de vacinação a nível local para crianças e adultos. Isso permite elaborar uma avaliação de risco mais precisa da situação atual.
Febre amarela nas Américas
A febre amarela silvestre é endêmica em áreas de 13 países e territórios da região, incluindo Argentina, Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Trinidad e Tobago. No Brasil, 21 dos 26 estados e Distrito Federal são considerados áreas de risco para a transmissão da doença.
Globalmente, 47 países têm regiões com febre amarela endêmica: 34 na África e 13 nas Américas Central e do Sul. A imunização em massa é a forma mais eficaz de prevenir a febre amarela, segundo a OPAS.