Alguns casais engravidam com muita facilidade. Outros, não. Felizmente, há um bom tempo a ciência já sabe como resolver isso. Os desafios para conceber um bebê naturalmente podem ser superados com a técnica da fertilização in vitro, também conhecida pela sigla FIV
.Os números crescentes revelam que cada vez mais mulheres se interessam pelo assunto e buscam o tratamento, na tentativa de realizar o sonho de engravidar. Para se ter ideia, no ano de 2013 aconteceram 24 mil ciclos de FIV no Brasil. Em 2015, esse número saltou para mais de 35 mil procedimentos realizados. Os dados são da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
CRESCER entrevistou o geneticista Ciro Martinhago, da Clínica Chromosome e do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) para tirar as principais dúvidas sobre o assunto. A seguir, confira respostas:.
É um processo em que a fecundação (encontro do óvulo com o espermatozoide) ocorre fora do útero materno, em laboratório. Depois, o médico transfere o embrião para o útero da mulher.
Porque alguns casais apresentam problemas de fertilidade e não conseguem engravidar naturalmente. Estimativas apontam que, no geral, em 40% dos casos o problema é com o homem, em outros 40% é com a mulher e, em 20%, é com ambos.
Quando recorrer à FIV?
A recomendação geral é que mulheres de até 35 anos tentem engravidar naturalmente por um ano. Se após esse período o casal não obteve sucesso, é preciso investigar o motivo. Para mulheres com mais de 35, as tentativas naturais devem acontecer por seis meses. Se nesse meio tempo a gestação não acontecer, procure um especialista para avaliação. Pode ser, por exemplo, baixa reserva ovariana da mulher (poucos óvulos disponíveis) ou problemas de qualidade e quantidade dos espermatozoides do homem, entre outras questões – mas isso não quer dizer, necessariamente, que a FIV é a única saída. Às vezes, fazer uso de comprimido indutor de ovulação basta para engravidar naturalmente.
Quais são as etapas da FIV?
O primeiro passo é o tratamento com injeções de hormônio na barriga, para estimular a produção de vários óvulos ao mesmo tempo. Feito isso, eles são coletados por via vaginal, com a paciente sedada. O médico, com a ajuda de ultrassom e agulha, retira os óvulos e os envia para o laboratório. Lá, esses óvulos são fecundados com os espermatozoides (que podem ser doados ou do próprio companheiro da mulher). O geneticista acompanha a divisão celular diariamente para ver o crescimento do embrião. Depois, é só fazer a transferência para o útero materno. Isso costuma acontecer até o quinto dia após a fecundação. Enquanto tudo isso se passa no laboratório, a mulher toma mais injeções de hormônios para preparar o útero para a gravidez. Todo esse processo dura cerca de 20 dias se o embrião for transferido fresco (sem ser congelado). Outra opção é congelar os embriões para implantar no futuro (eles podem ficar congelados por quantos anos forem necessários).
Quantos embriões são transferidos para o útero materno?
Em mulheres de até 35 anos, os médicos só podem transferir dois embriões de uma vez. Acima dos 35, como a taxa de sucesso diminui, pode haver transferência de três ao mesmo tempo.
Se uma FIV não deu certo, em quanto tempo é possível tentar novamente?
Na teoria, no mês seguinte já é possível tentar de novo. Porém, o ideal é esperar de dois a três meses, para que o corpo possa se recuperar de toda a carga hormonal que recebeu.
Qual é o preço médio de uma FIV?
Varia muito de uma região para outra. Há desde clínicas que oferecem a técnica por R$ 8 mil até aquelas que cobram R$ 30 mil por um ciclo de FIV. O SUS também disponibiliza esse tipo de tratamento gratuitamente, como no Hospital Pérola Byington, em São Paulo (SP).
Qual é a idade máxima para uma mulher se submeter à FIV?
O Conselho Federal de Medicina defende 50 anos como a idade limite para a mulher passar por uma FIV. Porém, a entidade afirma que a paciente mais velha do que isso pode fazer o tratamento, desde que ela asuma, junto com o seu médico, os riscos dessa gravidez tardia.
Fonte: Revista Crescer