A cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), passa por uma crise em seu sistema de saúde. As unidades de atendimento à população, como hospitais e UPAs, enfrentam problemas estruturais, falta de médicos e medicamentos, afirmam o prefeito Alex de Freitas (PSDB) e o secretário de Saúde, Bruno Diniz.
Segundo eles, a situação foi provocada pela última gestão do município. Entre as medidas anunciadas ontem para sair da situação, está o investimento de R$ 4,5 milhões para compra de remédios e insumos. Uma auditoria será contratada pela administração municipal para verificar se há irregularidades em contratos. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também será acionado.
A equipe do prefeito fez um levantamento em todas as unidades de atenção básica, hospitais e maternidade do município. Os resultados foram apresentados durante entrevista coletiva no fim da manhã de ontem. Os problemas mais comuns encontrados nas unidades foram infiltrações, rachaduras, banheiros que não funcionam, vazamento em caixas d’água, mofos, falta de medicamentos, além de portas e janelas danificadas.
Uma das situações mais críticas é na Maternidade Municipal Juventina Paula de Jesus, inaugurada em dezembro sem a obra totalmente pronta. Apenas dois andares da unidade de saúde funcionam plenamente. “Aqui, cada dia tem uma coisa. Canos estouram constantemente e provocam inundações. Para se ter uma ideia, temos que trazer canetas e grampeador de casa”, disse ao Estado de Minas uma funcionária, que não quis se identificar.
No terceiro andar do prédio, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com capacidade para 32 leitos está interditada. O local, segundo a prefeitura, tinha capacidade para atender até 200 crianças. Além disso, outros 40 leitos de UTI estão desativados. Na última semana, um cano estourou e parte do teto de gesso desabou. A ala de urgência foi tomada pela água. Próximo dali, no Hospital Municipal de Contagem, a situação também é crítica. Ao menos 10 leitos estão interditados, o que faz com que pacientes fiquem espalhados pelos corredores.
De acordo com o prefeito Alex de Freitas, uma auditoria será contratada para investigar a situação. “Vamos contratar uma auditoria para apurar item por item desses desmandos, com acompanhamento do Ministério Público de Minas Gerais. Vamos acionar as empresas que receberam para entregar uma obra que não está pronta nem em condições de atender à população e aos servidores. Queremos que elas concluam a obra. Se não o fizerem, vamos ter que fazê-lo, e depois, vamos acioná-las na Justiça”, afirmou.
Segundo Alex de Freitas, uma das medidas emergenciais será abastecer as unidades hospitalares, básicas e as farmácias com medicamentos, em uma compra emergencial de R$ 4,5 milhões. Além disso, serão adquiridos insumos. “Hoje, 163 itens estão em falta nas unidades. Está sendo impossível a prestação do bom serviço”, comentou.
Outro problema citado pela prefeitura se refere às ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo o secretário Bruno Diniz, várias viaturas estão paradas por falta de manutenção. “Muitas estão com pneus em péssimo estado. Somente duas estão funcionando sem nenhum problema”, disse. Sobre essa situação, o município pretende pedir ajuda ao Ministério da Saúde na próxima semana.
OUTRO LADO Em nota, a assessoria do ex-prefeito de Contagem Carlin Moura informou que as acusações contra ele são levianas e que a gestão deixou as contas do município equilibradas, com pagamentos em dia a fornecedores e funcionários e um saldo de R$ 19 milhões em caixa, suficientes para quitar todos os restos a pagar. Sobre as unidades de saúde, apenas três não foram concluídas, mas todas entregues em perfeito estado. Naqueles casos em que houver problemas, cabe à atual administração acionar as empreiteiras, já que as unidades têm a garantia da obra. Em relação à maternidade, a gestão anterior informou que apenas um dos quatro andares não está funcionando, porque a prefeitura aguardava credenciamento do Ministério da Saúde para inaugurar o Centro Pediátrico de Contagem no espaço.
A assessoria de Carlin Moura informou ainda que o Hospital Municipal demanda obras de ampliação e reformas, que constam no planejamento de seu novo plano diretor. “Isso vai demandar ações concretas dos atuais gestores e também manutenções corretivas comuns após longo período de chuvas, mas nada que extrapole a normalidade. “Essas demandas podem ser solucionadas pela atual gestão com os recursos deixados em caixa”, completa a nota.
Fonte: Em.com.br