De acordo com estudo do Instituto Glia, 4,4% dos adolescentes brasileiros com idade entre quatro e 18 anos sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O índice é semelhante à média mundial, equivalente a 5%. Entre os principais sintomas estão a falta de atenção, a hiperatividade e a impulsividade. Nem sempre é fácil interpretar os sinais e entender que não se trata de um comportamento típico da infância.
Conforme explica o médico Luis Augusto Rohde, professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o problema afeta diretamente a rotina do indivíduo. “Os estudos mostram que crianças com TDAH apresentam maior problema de rendimento escolar, com até 2,5 vezes maiores taxas de repetência e de suspensão da escola pelos problemas de hiperatividade”, ressalta.
Ele reforça ainda que na vida adulta a presença do transtorno está associada a um número maior de acidentes de carro, menor colocação e satisfação no mercado de trabalho, além da suscetibilidade mais alta a doenças sexualmente transmissíveis, por conta da impulsividade.
É importante buscar um diagnóstico preciso e encarar com seriedade o tratamento, que costuma envolver diferentes frentes de atuação, alerta Rohde. Além da medicação, é fundamental a orientação aos pais, educadores e ao próprio portador.
Quais são as causas da TDAH?
Embora não se conheça com exatidão todas as causas do TDAH, já se sabe que existe uma participação genética importante. O coeficiente de herdabilidade, utilizado por pesquisadores para definir o quando a genética participa na determinação de um traço qualquer da população, mostra isso claramente. Em uma escala que vai de zero a um, o valor é de 0,76 para esse transtorno. Trata-se de um dos mais altos na área de saúde mental, atrás apenas do autismo.
Além disso, Rohde lembra que é possível associar a prematuridade como fator predisponente para o desenvolvimento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Por outro lado, a prevalência semelhante em diferentes regiões do mundo mostra que fatores culturais não influenciam a incidência.
Como acontece o diagnóstico
O diagnóstico, como acontece em qualquer outro transtorno mental, é clínico. “Nós não temos nenhum exame neuropsicológico ou de neuroimagem que nos confirme ou afaste com certeza a definição. Isso depende de uma avaliação clínica cuidadosa. Por isso, é muito importante que seja feito por um profissional que conheça a patologia”, salienta o professor.
Para que se tenha um diagnóstico exato, cada um dos sinais relacionados à desatenção, hiperatividade e impulsividade precisa ser analisado no contexto do paciente, de acordo com a frequência e intensidade com que ocorrem. É esse o papel do médico.
De acordo com Rohde, também é importante avaliar a idade. O ideal é que a avaliação médica seja feita a partir dos seis anos, com a entrada na educação formal. É nesse período que os sintomas se evidenciam e a definição do quadro se torna mais assertiva.
Fonte: Simers