“Pretendemos reverter uma situação que é muito crítica no Estado, buscando soluções conjuntas e não culpados”, afirmou o 1º vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, no evento de lançamento da campanha Moto pela Vida, no final de outubro.
“Estamos abertos para receber as sugestões da sociedade para que possamos elaborar um documento e desenvolver atividades que minimizem o número de acidentes”, complementou, ao apresentar os índices alarmantes de acidentes de moto no Estado: Santa Catarina possui 15 dos 100 trechos de rodovias federais mais críticos do País. Os km 200 e 220 da BR-101 em São José e Palhoça ocupam a segunda e a quarta posição, respectivamente, entre os mais perigosos.
A iniciativa da campanha é do Grupo de Trabalho BR-101 do Futuro, liderado pela FIESC, e integrado pela Arteris, ANTT, CREA-SC, Deinfra, DNIT, Fetrancesc, OAB-SC, Polícia Rodoviária Federal (PRF-SC) e SENGE. Dados da Arteris, concessionária que administra a BR-101-SC, mostram que cada 100 acidentes com motos geram, em média, 104 vítimas. Mais de um terço dos orçamentos dos hospitais dos maiores centros urbanos de Santa Catarina são gastos com vítimas de acidentes de moto; de cada 10 acidentados que chegam aos hospitais, seis são motociclistas.
Conforme informações do Hospital Regional de São José, de 2002 a 2015 houve crescimento de 52% no número de atendimentos de vítimas de acidentes com motocicletas, que representam 37% do atendimento total na emergência do hospital. “Um trabalhador que se acidenta leva, em média, de 6 a 12 meses para se recuperar. Além disso, fica afastado do emprego e tem redução na remuneração. Há consequências para o acidentado, a família dele e a sociedade”, afirma o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.
Ele lembra que grande parte dos acidentados são pessoas que utilizam a moto para deslocamentos para o trabalho. “Queremos envolver não só os motociclistas, mas toda a sociedade, motoristas de caminhão, veículos de passeio e todos que de alguma forma utilizam meios de transporte”, destaca. Côrte citou algumas medidas que podem colaborar para a queda dos acidentes. Entre elas estão aulas de educação no trânsito aos estudantes, futuros motoristas; melhoria da sinalização, fiscalização mais rigorosa em relação ao uso de equipamentos de segurança.
Comportamento defensivo
O gerente de Operações da Arteris, Ademir Custódio, defendeu a adoção de um comportamento mais defensivo nos deslocamentos diários. No início dos anos 1990, a frota de motos no Brasil era de aproximadamente 1 milhão. Hoje, saltou para 20 milhões. “Estudos mostram que cerca de 220 mil pessoas perderam a vida em acidentes com motos e outras 1,6 milhão ficaram com sequelas permanentes. É um problema do País e a sociedade tem que encarar isso com seriedade, buscando alternativas para minimizar as ocorrências”, declarou.
Melhorias na segurança
Natural de Florianópolis, em 2004 Josiane Lima pilotava uma moto quando colidiu com um caminhão e sofreu graves ferimentos na perna esquerda, que foi operada sete vezes. “A culpa do acidente foi da condição da estrada. Todos que estão envolvidos no trânsito estão com risco iminente de sofrer um acidente. Os jovens, principalmente, recorrem mais à moto por ser de baixo custo”, afirmou.
Pedro Luis Sabaciauskis, da Associação dos Motociclistas da Grande Florianópolis, foi enfático ao defender a regulamentação da profissão de motoboy. “É urgente e vai contribuir para a redução de acidentes, vai exigir itens de segurança nas motos que hoje não são obrigatórios, curso de qualificação para quem ganha a vida sobre rodas, além de melhorar a fiscalização”, disse. Segundo ele, Florianópolis, São José, Biguaçu e Palhoça têm cerca de 2,5 mil motoboys que fazem em média 25 mil serviços diários. “São cerca de 25 mil carros a menos circulando na região”, finalizou.
Fonte: Imagem da Ilha