O Serviço de Memória Cultural do Hospital Psiquiátrico São Pedro tem como objetivo resgatar e preservar a memória local, além de servir de espaço para pesquisas históricas que tratem dos diversos segmentos da Instituição. Conforme o historiador Edson Medeiros Cheuiche, na última década, cerca de 13.800 pessoas estiveram no local. Em 2016, 1.330 visitaram o Memorial, sendo que 90% do público são estudantes de universidades gaúchas e catarinenses.
O trabalho de resgate da memória do São Pedro começou em 1998, através da iniciativa de um grupo de funcionários. A partir deste ano foi criada uma comissão que daria início a construção do museu. “Realizamos uma palestra para informar aos funcionários sobre o início do trabalho e a importância de resgatar e preservar a memória Institucional e criamos uma campanha para arrecadar fotos, documentos e objetos. Com isso conseguimos sensibilizá-los sobre a importância de criar o museu do São Pedro”, destaca Coordenadora do Serviço de Memória Cultural, Neuza Maria de Oliveira Barcelos.
Em 2001 foi realizada a primeira exposição a convite da direção do Museu de Porto Alegre e uma exposição de fotografias sobre a arquitetura do São Pedro na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. “Para nós foi um desafio porque os objetos tinham que ser organizados, higienizados e não tínhamos muita noção de como fazer isso por falta de profissionais habilitados para esse trabalho”, ressaltou Neuza
O Memorial do Hospital Psiquiátrico São Pedro é mantido por doações e recursos do Governo do Estado. Para o local estar como se encontra hoje foram precisos 15 anos se tornando uma referência e orgulho para o corpo funcional. Inaugurado em 2001, somente em 2004 foi possível desenvolver a pesquisa histórica com a chegada do historiador Cheuiche.
Confira alguns objetos que eram utilizados no tratamento de doentes mentais
Objetos da antiga farmácia do Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), cuja a responsável a partir de 1916 foi a irmã Maria do Rosário, da ordem de São José. Os medicamentos na farmácia do hospital foram inseridos a partir de 1896.
Serviços especializados que existiam no HPSP. Aqui alguns objetos das seguintes especialidades: oftalmologia, dermatologia, traumatologia, odontologia, otorrinolaringologia e proctologia.
Quadro de solenidade da inauguração do São Pedro realizada em 29 de junho de 1884. Não há registro fotográfico dessa cerimônia, portanto o historiador Edson pesquisou nos jornais da época, Mercantil e A Federação, reportagens sobre a inauguração. Com base nas descrições dos jornalistas o artista plástico Marco Lucaora pintou o quadro retratando o evento.
Livro de visitantes inaugurado com a assinatura da Princesa Isabel seis meses depois da inauguração do Hospital Psiquiátrico São Pedro. O local foi inaugurado em 29 de junho de 1884 e a princesa esteve na Província de São Pedro em 30 de janeiro de 1885.
Um dos primeiros aparelhos de eletroconvulsoterapia utilizado para quadros de depressão grave. Ele deixou de ser usado no HPSP em 1999.
A malarioterapia consistia em inocular sangue contaminado pela malária em pacientes com neurossífilis como propósito de “reorganizar o sistema nervoso central” através da convulsão proporcionada pelo estado febril desencadeado pela malária.
O aparelho compressor de ovários era usado em mulheres histéricas. Quanto mais descontrolada a pessoa mais apertavam os parafusos da parte da frente do aparelho que ficava na barriga das mulheres. Hoje o tratamento é considerado desumano e ineficaz.
A Máscara de Ombredanne era utilizada para anestesiar através da inalação do éter ou clorofórmio na década de cinquenta.
Camisa de força considerada objeto de contenção dos pacientes nos hospitais psiquiátricos nos séculos XIX e XX.
Fonte: Simers