Moradores se uniram com objetivo de arrecadar dinheiro para ajudar o Hospital Casa de Caridade e Maternidade em Carmo de Minas (MG). Há pelo menos três anos a instituição enfrenta dificuldades financeiras. O déficit mensal chega a mais de R$ 35 mil.
Segundo a tesoureira do hospital, a dívida é uma somatória dos salários atrasados e da defasagem do repasse do Governo Federal, além do atraso do repasse do convênio com a prefeitura.
“O repasse do Governo Federal está há 10 anos sem sofrer reajuste. Nós recebemos R$ 25 mil de repasse do Governo Federal. O problema é dinheiro, é verba, porque é folha de pagamento, são insumos, é a alimentação, oxigênio e tudo aumentou muito“, disse Juliana Vilela Pereira Neiva, tesoureira do hospital.
Em média, são realizados 2 mil atendimentos por mês, entre pronto-socorro, internações e consultas. O hospital é o único da cidade e também atende pacientes de outros municípios.
“Cada um de nós tem que procurar ajudar o hospital, porque, infelizmente, ou vem ao hospital ou vai para o cemitério, concorda? Então nenhum de nós está livre de precisar do hospital”, alegou José Edson Coli Dias, vice provedor do hospital.
A Prefeitura Municipal, que repassa para a instituição R$ 82 mil, já busca outros meios para acabar com a crise financeira no local.
“A prefeitura e os vereadores estão empenhados nessa busca de ajuda aos deputados e já foi enviado ofício para eles. Então, a gente está esperando que tenha alguma resposta positiva em relação aos ofícios. E, também, a gente conseguiu várias emendas, os deputados passaram várias emendas parlamentares, que são usadas para equipamentos e não para folha de pagamento e outras despesas“, explicou a secretária de Saúde, Eliane Aparecida de Fátima Junqueira.
Mobilização da população
Para que os atendimentos não sejam paralisados, a população organizou rifas e diversas campanhas para conseguir dinheiro para sanar as dívidas do hospital.
“Tem o envelope solidário que a gente entregou de casa em casa. Tipo assim, a pessoa pode colocar a qualquer quantidade, R$ 0,50 e R$ 1, o que sentir no coração”, disse a cabeleireira Denise Ferreira de Faria.
Nas ruas da cidade, a ideia de salvar o hospital ganhou força. Uma comissão de voluntários percorre casas, comércios com o objetivo de solicitar a ajuda dos moradores. É o caso do cabeleireiro Edmilson Gonçalves que, além de comprar três rifas, doou um tratamento de cabelo para ajudar em um bingo solidário que está sendo preparado e que deve ser realizado no dia 27 de novembro.
“Eu, como cidadão aqui da cidade, achei muito importante doar um tratamento de cabelo para ajudar o hospital. Eu sei que não é muito, os colaboradores estão fazendo alguns eventos aqui para a cidade e, de pouquinho em pouquinho, eu acho que nós vamos conseguir”, contou o cabeleireiro Edmilson Gonçalves.
Greve de funcionários
No mês de outubro, o hospital enfrentou cerca de 15 dias de greve dos funcionários e moradores ficaram sem atendimento. Na ocasião, apenas os serviços de urgência e emergência estavam sendo realizados. O motivo da paralisação, segundo os funcionários, foi o atraso dos salários. Segundo eles, a falta de pagamento chegava há três meses.