A criação de mais 39 faculdades de medicina no Brasil se concretizou. O Tribunal de Contas da União suspendeu, por maioria, a medida cautelar da ministra Ana Arraes que havia embargado o edital de n° 06/2014 da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação.
Essa medida se dá quase dois anos depois da publicação da primeira chamada pública. A razão para contemplar as cidades com novos cursos de medicina é o fato do município ter população superior a 70 mil habitantes e ainda não contar com formação em Medicina – pré-requisito estabelecido pelo MEC para autorizar a abertura.
Mais quatro novos cursos no RS
Com a medida, o Rio Grande do Sul terá quatro unidades de escola de medicina a mais em diferentes municípios: Erechim, Ijuí, Novo Hamburgo e São Leopoldo. Ao todo, serão 10 novos cursos abertos desde 2010. Para o diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Germano Bonow, o Estado não tem estrutura para ter tantas faculdades de medicina funcionando, pois é preciso inserir docentes para ensinar cadeiras básicas e, ainda mais, em muitos lugares existe carência de leitos hospitalares para prática.
“O município de Passo Fundo já possui três faculdades de medicina, o mesmo número de Porto Alegre que é a Capital do Rio Grande do Sul. Não acho que isso seria errado se fosse feito a longo prazo, preparando as salas de aula, preparando os professores, os laboratórios, os hospitais. Mas através de um ato burocrático administrativo, abrir uma faculdade de medicina como quem abre uma empresa de comércio, é um equívoco”, salientou o diretor Bonow.
Segundo a plataforma Radiografia das escolas Médicas do Brasil, no ano de 2003 existiam 126 faculdades de medicina. Nesses 13 anos que se passaram, 144 escolas médicas foram criadas, o que representa, aproximadamente, 114% a mais do que havia. Para o Sindicato, a criação dessas escolas seria visto de bom grado se oferecessem qualidade. Serão formados um número maior médicos, sem o mínimo de controle e sem um exame ao término do curso.
Para o presidente da Entidade, Paulo de Argollo Mendes, o Brasil não precisa de mais escolas médicas, e sim de investimentos adequados no Sistema Único de Saúde. “Existe apenas um país no planeta, a Índia, que tem mais faculdades de Medicina que nós. Porto Alegre tem quatro vezes mais médicos do que a Inglaterra. O Japão não tem nem um quinto do número de faculdades do Brasil, mas uma saúde de primeira. Ou seja, não faltam profissionais.” Além disso, a abertura de novas faculdades no interior não garante a permanência de médicos nessas regiões.
O País é o segundo em escolas de medicina no mundo (268), tendo mais de 400 mil médicos em atividade, ficando atrás somente da Índia (381). No Rio Grande do Sul são quase 27.800 profissionais em atividade.
Fonte: Simers