Com a chegada do segundo turno das eleições municipais e no fervor de propostas dos muitos prefeitos já eleitos em diversas cidades mineiras, o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) traz em pauta um importante tema: a crise na saúde em Minas Gerais.
Leia na íntegra a posição da Entidade:
Vivemos em todo o estado, um período no qual a saúde pública sofre cada vez mais, caracterizada por um sistema subfinanciado e com índices abaixo do esperado. O histórico de investimentos em Minas Gerais mostra cada vez mais um descompasso intenso: se durante o governo de Anastasia, mais de R$ 14,2 bilhões deixaram de ser investidos na área, o atual governador do estado, Fernando Pimentel, continua a trajetória. Só para este ano, anunciou o corte de R$ 2 bilhões no orçamento, sendo que desse montante a pasta Saúde perdeu R$ 198 milhões.
As cifras negativas anunciam falência do setor, sem investimentos seja pela falta de vontade política, ações efetivas dos gestores ou até mesmo porque não consideram a saúde uma área essencial e prioritária. Mas nesta caminhada, as estatísticas só tendem a piorar e reforçar o efeito cascata: redução de investimentos na União- cortes de verbas nos estados- municípios falidos – a população desassistida na saúde.
O Sinmed-MG, como entidade representativa dos médicos, denuncia este cenário preocupante marcada pelas mazelas na saúde, falta de estrutura, investimentos e que agrega a isso, um descaso da gestão com o SUS em Minas Gerais. E mesmo sendo um cenário de eleições municipais, não se pode deixar de mostrar um panorama da saúde no estado e os reflexos negativos para os municípios.
A falta de investimentos é uma realidade gritante e anunciada também pelo Ministério Público. Em recente entrevista à imprensa, a Promotora de Defesa da Saúde, Josely Ramos Pontes, denunciou que o governo de Minas Gerais destinou apenas 6% (dos 12% mínimos exigidos) para a saúde este ano, o que comprova o total subfinanciamento. Além disso, o MP reforçou a apropriação do recurso de saúde por parte do estado, apontando que o governador Fernando Pimentel retirou da Secretaria da Saúde de Minas Gerais a autonomia de gerir o Fundo Nacional de Saúde, ou seja, todos recursos destinados para a saúde agora estão sob o comando da Secretaria da Fazenda e não da Saúde. O que podemos esperar disso, então?
Os efeitos do subfinanciamento na saúde
São muitos os caminhos que nos mostram a saúde desamparada e esquecida na política. E o sindicato não quer uma Minas Gerais marcada pela falência da saúde, na qual os profissionais médicos são desvalorizados, recebendo seus salários por escalonamentos desde o início do ano. Somado a isso, as prefeituras, por sua vez, estão com aproximadamente 1 bilhão de repasses atrasados, implicando em falta de pagamento de funcionários, fornecedores e prestadores de serviços.
O resultado deste quadro é dramático: municípios interrompendo os atendimentos a pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde, deixando de fornecer os medicamentos e a população, cada vez mais desassistida, tenta recorrer ao ajuizamento de ações, trazendo ao estado um colapso geral.
Estes dados são alarmantes e reais e precisam ser revistos com políticas públicas adequadas e destinadas ao financiamento adequado da saúde. Por isso, o Sinmed-MG repudia esta situação e enquanto entidade representativa dos médicos e de apoio à sociedade, vai continuar sua caminhada na denúncia contra a falta de investimentos e na expectativa de apoio do Ministério Público e da força e mobilização da categoria médica, como ferramentas para propor mudanças na saúde.
Uma saúde mal administrada, com recursos mal geridos não pode caminhar! Se não houver mudança, certamente haverá um retrocesso total, no qual Minas e municípios vão pagar um alto preço e a população, que depende da saúde pública, vai continuar sofrendo e sem esperança. A saúde é o grande problema da atualidade e os gestores precisam abrir espaço para ouvir as entidades médicas, como o Sinmed-MG, que denuncia a falta de estrutura e quer buscar caminhos para mudar a situação.
Fonte: Sinmed-MG
Foto: Jornal Hoje em Dia