A medicina é instigante. Seus instrumentos, métodos e práticas provocam a curiosidade em muita gente. Não é à toa que um dos seriados de televisão mais famoso e assistido no mundo – a saga de House M.D., trata justamente sobre diagnósticos diferenciais e doenças pouco conhecidas do grande público.
O Museu de História da Medicina do RS (MUHM), do Sindicato Médico do RS (SIMERS), apresenta em seu acervo dezenas de itens fascinantes. Conheça a história de alguns destes surpreendentes objetos:
Fetos – Pode parecer bizarro – e até cruel para alguns – mas fetos são utilizados para estudos de médicos e outros profissionais de saúde. Os da foto vieram de São Gabriel, no sudoeste gaúcho, e doados ao MUHM pelo médico Paulo Mello Pereira em 2011.
Pulmões com tuberculose – Os órgãos da foto são pulmões de um paciente com tuberculose. Eles fizeram parte do material utilizado em pesquisas desenvolvidas no Hospital Parque Belém, nos anos 1950. A tuberculose, doença infecciosa que atinge principalmente os pulmões, existe desde a antiguidade. Foram encontradas lesões características desta enfermidade em múmias do antigo Egito. Na maioria dos casos, se localiza nos pulmões, mas a doença também pode ocorrer nos gânglios, rins, ossos, meninges ou outros locais do organismo. Material doado em 2009.
Serra para osso – A serra era utilizada por cirurgiões ortopédicos para executar operações em ossos. Por muitos anos, os especialistas empregavam o objeto no tratamento de lesões de um membro, perna ou um braço em casos de amputação. Até a invenção de anestésicos, ente os anos 1840 e 1850, esta foi uma operação muito dolorosa. Pertenceu ao médico Farjalla Catan.
Gancho de Braun – Este gancho foi utilizado para a extração de corpos estranhos, fetos mortos e também em cirurgias de guerra. Em geral, mede entre 40 a 50 centímetros. Material doado em 2005.
Cranioclasto – O cranioclasto tem este nome pois serve para o esmagamento da cabeça do feto morto para facilitar o parto e removê-lo do útero. Era utilizado no fim do século XIX em casos extremos. O item da foto pertenceu ao médico Marco Antônio Kraemer.
Vácuo extrator – O vácuo extrator funciona como um aspirador de pó em miniatura. A ventosa é colocada na cabeça do bebê e ele é sugado para fora a cada contração durante o trabalho de parto. Pode ser um substituto do fórceps. É utilizado nos dias de hoje. Doado por Lírio José Todeschini.
Ventosas à fogo – Existem registros de ventosas à fogo desde o Egito Antigo. Eram utilizadas principalmente no tratamento de resfriados, por meio de conhecimento herdado da família. Funciona com sucção obtida ao colocar uma substância quente na ventosa, aquecendo com água ou fogo. A prática foi assunto durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), devido as manchas circulares nas costas do nadador americano Michael Phelps, adepto da ventosaterapia. O exemplar da foto veio da Polônia e apresenta um conjunto de 11 ventosas, uma caixa de fósforo e uma vela usada no interior de uma lata.
Ventosas de bomba – As ventosas sem fogo expresso datam do século XIX. Seu uso era por meio de três golpes de bomba para exercer pressão. A aplicação das ventosas era realizada para drenar as impurezas do sangue oxidado e intoxicado. Pertenceu ao médico Armando Torres de Vasconcellos.
Mosquitos causadores de febre amarela e dengue/chikungunya/zika vírus – Este frasco de vidro contém dois pequenos insetos responsáveis por doenças devastadoras. Os mosquitos Haemagogus Spegazzinii Brethes e Aedes Aegypti, causam febre amarela e dengue/chikungunya/zika vírus, respectivamente. Pertenceu ao médico Antônio Louzada.
Cantárida – A cantárida foi conhecida durante muito tempo como afrodisíaco. Trata-se de um besouro que, quando ameaçado, expele uma substância ácida, a cantaridina, das articulações das pernas. Para extrair a substância, o besouro é seco e esmagado para produzir o pó. Quando ingerido, o organismo excreta a cantaridina na urina, o que causa intensa irritação e ardor na região genital, supondo excitação sexual e garantindo a fama de afrodisíaco à cantárida. Ela é altamente tóxica, podendo causar inflamação nos rins, danificando-os permanentemente. Também pode gerar perturbações gastrintestinais, convulsões e até mesmo a morte. Item doado pelo farmacêutico Lovois Miguel.
Fonte: Simers