É difícil encontrar quem nunca tenha reclamado de um desconforto na região das costas. A dificuldade maior surge, no entanto, quando a dor deixa de ser um efeito isolado e passa a fazer parte da rotina. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2013, aproximadamente 27 milhões de brasileiros (18,5%) com 18 anos de idade ou mais apontam problemas crônicos de coluna.
O estudo aponta ainda que a porcentagem aumenta conforme avança a faixa etária analisada. Se a proporção é de 8,7% para pessoas entre 18 e 29 anos, ela passa para 28,5% a partir dos 75 anos de idade.
Frequentemente, esse aumento na incidência está ligado à realização de uma atividade de forma muito intensa, que agrava um quadro de lombalgia e leva a dor a se tornar crônica. Não é à toa que só em 2014 o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou mais de cem mil afastamentos do ambiente de trabalho por conta de problemas relacionados à coluna.
Para entender a lombalgia
Mas você sabe o que é a lombalgia? Conforme explica Jacques Vissoky, médico do trabalho, ortopedista e perito judicial, trata-se de um nome genérico para definir a dor sentida na região da metade para baixo das costas. Ele destaca ainda que não existe um agente causador principal, mas sim uma origem multicausal.
Entram na lista fatores como predisposição, pequenas malformações de nascença, obesidade, tabagismo, atividades extralaborais com riscos posturais, além de atividades laborais. Ou seja, apesar da alta incidência no ambiente de trabalho, a lombalgia também pode ocorrer fora dele.
“Em primeiro lugar, vale a pena aprofundar o conceito de ‘problemas relacionados à coluna’: uma coisa é sentir dor nas costas, por uma sobrecarga ou mau jeito, que em geral se resolve em poucos dias; outra é a doença das estruturas da coluna, tipo hérnia de disco ou desgaste das articulações entre as vértebras, que pode ser assintomática e cujos sintomas podem ser gerados ou exacerbados por determinadas posturas e atividades ligadas ao trabalho”, diferencia Vissoky.
Afinal, o tratamento para um episódio isolado de dor não é o mesmo utilizado para dar conta de um caso recorrente, em que pode existir relação com fatores clínicos mais graves, a exemplo de tumores metastáticos e de desgaste nas articulações entre as vértebras (artrose). Na dúvida, vale sempre buscar ajuda médica e evitar o agravamento do caso.
Como evitar que a lombalgia se torne um problema na rotina
Quando muito intensa, a lombalgia pode afetar diretamente a rotina de quem sofre com o problema. “Estatisticamente, a dor nas costas representa a principal ocorrência entre 2000 e 2011 para a concessão do benefício Auxílio Doença, de acordo com o Boletim Quadrimestral de Benefícios por Incapacidade, da Previdência Social. Assim, pela sua alta prevalência, afeta muitas pessoas, incluindo os trabalhadores”, aponta o médico.
Por conta dessa complexidade, a dica é estar em dia com a saúde e também ficar atento aos pequenos hábitos da rotina. Isso significa evitar o sedentarismo, o tabagismo e ficar de olho na obesidade. Ao mesmo tempo, não sobrecarregar a coluna, seja na hora das atividades domésticas ou de sentar durante o trabalho.
Sabe aquela pausa de alguns minutos ao longo do expediente? Pode fazer toda a diferença para aliviar a sua coluna. O mesmo vale para aquela cadeira na qual você passa boa parte do dia: contar com um apoio na região lombar é fundamental, assim como evitar a má postura.
Quando precisar pegar algo que está no chão, por exemplo, nada de curvar a coluna até que os braços sejam capazes de alcançar. O certo é flexionar as pernas e manter a região das costas reta. Tudo para ficar longe da lombalgia e todos os agravamentos que ela pode render mais tarde.
Fonte: Simers