O médico Eduardo Kenaip denunciou que durante um atendimento, na manhã deste domingo 10 de julho, um policial rodoviário federal, que acompanhava a filha, teria sacado uma arma e o ameaçado dentro da sala de trauma, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), no Acre. O policial César Henrique, de 54 anos, confirmou o caso e alegou ter apontado a arma para o médico após ele se recusar a atender a filha, de 18 anos, sem antes preencher uma ficha.
O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) divulgou nota e confirma estar solidário com o profissional, repudiando não só esse mas como todos os atos de agressão contra a classe médica. “Já falamos com o delegado de Polícia Civil Dr. Flávio e solicitamos mais segurança para os médicos e todos os funcionários que estão exercendo suas funções no hospital. Nossa indignação é extrema e daremos conhecimento às autoridades e exigimos punição ao agressor”, destaca o presidente da entidade, José Ribamar Costa.
A Polícia Rodoviária Federal do Acre (PRF-AC) informou que vai apurar o caso e se manifestar nesta segunda-feira, 11 de julho, por meio de nota. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) repudiou a atitude do policial e se solidarizou aos profissionais de saúde.
O policial contou que deu entrada no hospital com a filha que estava com sangramento na cabeça, devido a uma queda e após esperar por 1min30s precisou perguntar se seria atendido. Em seguida, um dos médicos pediu que um estagiário atendesse a jovem e perguntou se o policial poderia preencher um formulário.”Eu disse que iria preencher, mas que queria ficar perto da minha filha. Foi quando o médico olhou para o outro e disse para não atender minha filha e que só atendesse depois que eu trouxesse o formulário. Foi na hora que fiquei com raiva e disse que ele ia atender sim e foi quando aconteceu isso. Não apontei a arma para ninguém, só para ele mesmo. Isso porque ele mandou suspender o atendimento da minha filha até eu preencher o formulário. O que é proibido por lei”, conta o policial.
Em entrevista à Rede Amazônica no Acre, o médico relatou que o atendimento estava sendo realizado quando pediu ao policial que fosse preencher um formulário, que faz parte do procedimento para dar agilidade ao atendimento, e este teria se irritado e sacado a arma para ele e sua equipe.
“Educadamente pedi que ele preenchesse uma ficha e que aguardasse lá fora para atendermos ela com mais privacidade. E do nada ele veio para minha direção e perguntou: ‘E se eu ficar louco, agora? O que tu vai fazer? Não vai atender minha filha?’ Eu disse que a filha dele já estava sendo atendida. E nisso ele puxou a arma e apontou para mim, e depois para o resto da equipe”, afirmou Kenaip.
O médico disse ainda que em nenhum momento agiu com excesso. “A gente sabe que às vezes acontecem excessos, mas nesse caso, não houve excesso por parte da equipe médica. Era um procedimento normal para dar seguimento ao atendimento. A gente não pode esperar que ele, sendo um policial, que deveria usar da arma para nos proteger, puxe para pessoas que estão ali para ajudar. Não tem cabimento isso”, disse.
O policial rodoviário federal disse que vai processar o médico por ter se negado à atender a filha sem que tivesse com um formulário preenchido. “Ele cometeu um crime sério. Dentro de uma emergência não se pode pedir para uma pessoa da família, que está nervosa, para sair e preencher formulário. Tudo que está acontecendo, ele vai responder”, declarou.
Kenaip registrou um boletim de ocorrência contra o policial rodoviário federal na Delegacia de Flagrantes (Defla), ainda na manhã deste domingo.
Fonte: Jornal Floripa