Quem nunca pesquisou os sintomas que estava sentindo no “Dr. Google”? Você já percebeu que na maioria das vezes a resposta dá câncer como causa? Não importa quais sintomas sejam descritos, segundo o “Dr. Google” você está sempre prestes a falecer! O problema está justamente nessa ansiedade do autodiagnóstico. O paciente busca na internet o resultado para aquele exame feito, antes mesmo de levá-lo ao conhecimento do médico. A espera até o dia da consulta que já parecia longa, se torna muito mais aflita com um diagnóstico duvidoso da internet.
Para a vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) e médica emergencista do Hospital Conceição, Maria Rita de Assis Brasil, essas consultas, de alguma maneira significam a mesma coisa que a automedicação só que com acesso a internet. “A pessoa leiga faz um diagnóstico baseado no resultado do Google, mas é importante salientarmos que informação não é conhecimento. Não é a toa que estudamos por seis anos, depois vários anos de especialização e ainda sim muitos diagnósticos são tão complexos que pedimos avaliação de mais um especialista para ter a certeza de dar o resultado correto ao paciente. A procura na internet é uma situação muito perigosa, porque pode levar a erros e mesmo que essa pessoa não se medique ela está fazendo um diagnostico postergando o desfecho correto, podendo levar a uma inevitabilidade onde existe ameaça a vida”.
A pessoa que consulta o “Dr Google” não pode confundir informação com conhecimento. O agravo é a pessoa fazer diagnóstico errado e até mesmo tratamento errado. “A minha sugestão é para as pessoas continuarem usando o Google para se manterem informadas em todas as áreas, mas tenham o respeito ao saber médico que tem um universo de informações baseado nas evidencias clínicas. As pessoas que procuram a internet não têm capacidade de fazer essa seleção”, destaca Maria Rita que ainda aconselha que “Google à vontade, mas Dr. Google, nunca”.
Durante os anos de atuação na área médica, Maria Rita já presenciou centenas de pacientes que chegam com o diagnóstico pronto para a consulta. Um dos casos é o conhecido ‘amarelão’. “A pessoa que fica amarela pode estar com hepatite, leptospirose, mononucleose, tumor de fígado ou cálculo na vesícula. E o sintoma comum para todas essas doenças é o amarelão. O diagnóstico entre essas doenças é bem amplo, mas a pessoa já chega com o resultado da pesquisa que ela realizou no site de buscas e crente do que tem. Cabe a nós, médicos, informar corretamente”, explica.
Fonte: Simers