Dr Manoel Eduardo Amoras Gonçalves – Diretor Imprensa, Divulgação e Assuntos Sociais do Sindicato dos Médicos do Pará (SINDMEPA)
No dia 12 de novembro de 2025, o Sindicato dos Médicos do Pará (SINDMEPA) marcou presença na COP30, durante o painel “Saúde na Amazônia e Ação Climática: Conexão para a Contribuição Nacional Determinada no Contexto Global”, realizado na Green Zone, no Pavilhão Pará. O evento reuniu médicos, acadêmicos, especialistas e representantes da Federação Médica Brasileira, reforçando a importância de incorporar a saúde nos debates sobre mudanças climáticas, sobretudo em um território tão vulnerável quanto a Amazônia.
O SINDMEPA participou ativamente das discussões, abordando como eventos climáticos extremos, destruição ambiental e alterações nos ecossistemas amazônicos impactam diretamente a saúde humana, desde o aumento de doenças infecciosas até problemas na infraestrutura e no bem-estar de populações tradicionais e urbanas. A crise climática deixou de ser apenas ambiental e se transformou em uma crise de saúde pública, especialmente na Amazônia, região de biodiversidade singular e populações historicamente vulneráveis.
Impactos das mudanças climáticas na saúde amazônica
As alterações climáticas geram impactos diretos, como ondas de calor, desastres naturais, inundações, secas e incêndios florestais, e indiretos, como insegurança alimentar, escassez de água potável, poluição do ar, proliferação de vetores de doenças, desestruturação de ecossistemas e migrações forçadas.
No contexto amazônico, a combinação entre mudanças climáticas, desmatamento, perda de biodiversidade e vulnerabilidades socioeconômicas cria uma tempestade perfeita para a saúde pública. Estudos indicam aumento gradual da temperatura, alterações nos padrões de precipitação e mudanças na sazonalidade das chuvas, elevando riscos de doenças infecciosas, respiratórias, desnutrição, agravos psicológicos e sobrecarga nos sistemas de saúde.
Desafios para a população e para o médico amazônida
Comunidades urbanas, ribeirinhas, indígenas e tradicionais enfrentam moradia precária, saneamento deficiente, acesso limitado a serviços de saúde e grandes desigualdades sociais — fatores que agravam os efeitos das mudanças climáticas. Para os médicos da região, isso significa desafios éticos e profissionais adicionais:
- Maior demanda por atendimento em doenças infecciosas, respiratórias, relacionadas à desnutrição e impactos ambientais;
- Preparação contínua para situações de urgência e desastres;
- Garantia de assistência equitativa e culturalmente sensível;
- Sobrecarga crescente do sistema de saúde, com infraestrutura limitada.
A relevância da COP30 e o protagonismo de Belém
A realização da COP30 em Belém representa um marco histórico para a Amazônia e o Brasil. Durante a conferência, foi lançado o Plano de Ação em Saúde de Belém, o primeiro plano internacional dedicado à adaptação climática no setor de saúde. Para a Amazônia, o plano é uma oportunidade de promover a saúde sob a perspectiva da justiça climática e social, considerando as especificidades regionais.
O posicionamento do SINDMEPA
Em nome da entidade, o SINDMEPA reafirma:
- A crise climática é também uma crise de saúde pública e um desafio à vida na Amazônia;
- O médico amazônida deve atuar na linha de frente do diálogo e vigilância ambiental;
- É essencial investir em capacitação e formação continuada dos profissionais de saúde;
- A articulação entre sociedade civil, entidades médicas, gestores públicos e comunidade internacional é indispensável;
- O Plano de Ação em Saúde de Belém deve orientar políticas nacionais e regionais, priorizando a Amazônia.
A crise climática já é uma emergência humanitária e sanitária. Na Amazônia, os impactos ambientais reverberam diretamente sobre a saúde da população, especialmente os grupos mais vulneráveis, impondo desafios inéditos aos profissionais da saúde. Como representante da classe médica regional, o SINDMEPA reafirma seu compromisso em fortalecer a atenção integral, defender a vida e transformar debates em ações concretas para um futuro sustentável na Amazônia.
