Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, que debateu o PL 2.294/2024 sobre a criação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina, o diretor da Federação Médica Brasileira (FMB) e presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Marcos Gutemberg Fialho, defendeu a adoção da medida como alternativa diante da má qualidade da formação médica no Brasil.
Gutemberg afirmou que sempre foi contra a ideia de um “exame de ordem” nos moldes da OAB, mas ressaltou que a realidade atual o levou a rever sua posição. “Há mais de 20 anos lutamos para melhorar a formação médica e isso não aconteceu. As medidas são urgentes. Não existe o ideal, existe o possível”, destacou.
Ele alertou que muitos médicos saem das faculdades sem habilidades básicas, como realizar exame físico adequado e formular diagnósticos clínicos, tornando-se excessivamente dependentes de exames complementares. Para o dirigente, esse quadro é resultado da abertura indiscriminada de cursos de Medicina pelo setor empresarial, muitas vezes sem hospitais de ensino e cobrando altas mensalidades.
Gutemberg reforçou que não se trata apenas de responsabilizar estudantes e famílias, mas de enfrentar a lógica de mercado que prolifera escolas sem qualidade. “É preciso normatizar medidas cautelares contra cursos mal avaliados, como redução de vagas, suspensão de novos contratos e até o fechamento de escolas. Isso não pode depender apenas de portarias, precisa estar em lei”, afirmou.
Ao final, ele enfatizou que a discussão não deve se resumir a posições pró ou contra o projeto de lei, mas sim à busca de soluções concretas: “Todos queremos médicos bem formados e a população bem atendida. Precisamos de medidas que mitiguem a formação deficiente e a proliferação descontrolada de faculdades de Medicina. É hora de buscar o possível, não o ideal.”