O resultado do Revalida 2024 reacende um alerta que a Federação Médica Brasileira (FMB) denuncia há anos: a formação médica fora do Brasil, em muitos casos, não prepara adequadamente o profissional para atuar em nosso território — sobretudo no Sistema Único de Saúde (SUS), que exige conhecimento técnico, habilidade prática e compromisso com a vida.
Dos 3.998 candidatos que buscaram revalidar seus diplomas, apenas 734 foram aprovados e, 2024, o que representa uma taxa de aprovação de apenas 18,35%. E ainda assim, diante desse dado que deve servir de alerta sobre a qualidade dos médicos formados fora do Brasil, vemos o surgimento de uma Frente Parlamentar que tem como proposta “facilitar” esse processo de validação.
Mas facilitar o quê, exatamente?
O que ainda paira no ar e gera inúmeros questionamentos é: seria essa frente parlamentar uma forma de flexibilizar critérios técnicos e colocar em risco a qualidade do atendimento prestado à população?
A Medicina salva vidas, previne doenças e exige excelência. Não se trata de um curso qualquer, e tampouco de uma profissão que possa ser exercida com improviso. Uma pessoa que não consegue ser aprovada em um exame estruturado e baseado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Medicina está mesmo apta a cuidar de vidas?
A FMB entende que o Revalida, mesmo passível de aperfeiçoamentos, é um instrumento indispensável de proteção social. É uma política pública que filtra, com critérios objetivos, os profissionais que reúnem condições reais de exercer a Medicina no Brasil.
O problema não está na falta de médicos
O Brasil forma todos os anos milhares de médicos. O que falta é uma política de carreira nacional, com fixação e valorização de médicos em regiões remotas, estrutura adequada de trabalho e investimento na rede pública. A solução para a desigualdade de acesso à saúde não é importar diplomas — é distribuir médicos com dignidade e responsabilidade. Isso nos induz a acreditar que por trás da narrativa da “facilitação” pode haver interesses outros que não a qualidade da assistência médica.
A FMB alerta que enfraquecer o Revalida é abrir espaço para soluções fáceis, porém perigosas.
A população brasileira não pode ser atendida por quem não foi preparado para tal.
A Medicina precisa ser resguardada
Pelo bem da saúde pública, da dignidade da profissão e da vida dos pacientes.
A Federação Médica Brasileira seguirá firme na defesa de critérios técnicos, rigorosos e justos e na luta por uma saúde pública de qualidade, com médicos valorizados e capacitados para cada desafio do SUS.
A Diretoria.