No dia 27 de setembro, última sexta-feira, a greve dos médicos da rede pública de saúde do Distrito Federal foi encerrada. Mesmo sem qualquer contraproposta apresentada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), decidimos, após ampla discussão em assembleia, retornar às nossas posições de trabalho. Importante aqui destacar que nossa luta é por recomposição salarial e condições de trabalho. Por isso, o fim da paralisação não representa o fim da nossa luta. Mantemos o estado de mobilização permanente e continuamos na batalha pelo SUS-DF.
Essa greve não surgiu do nada. Ela foi a única resposta possível diante do silêncio e da falta de ação do governo: que continua até aqui. Ao longo dos últimos cinco anos, nós, do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), tentamos por diversas vezes iniciar um diálogo com o GDF. Enviamos, ao longo da greve, duas propostas planejadas, focadas na melhoria das condições de trabalho, na recomposição salarial e na garantia de um atendimento de qualidade à população. Infelizmente, o governo sequer se dignou a nos responder.
Na contramão do silêncio do GDF, que deveria zelar pela população, o que encontramos nas unidades de saúde públicas é um cenário de abandono: falta de insumos básicos, leitos insuficientes, déficit de profissionais, escassez de medicamentos e uma sobrecarga de trabalho. Enquanto isso, os pacientes continuam a sofrer. Esperam horas em emergências lotadas e enfrentam meses, às vezes anos, em filas para cirurgias.A situação é insustentável!
O fim da greve, mesmo sem a resposta necessária para o SUS, foi uma decisão difícil, mas acertada. Não poderíamos deixar de atender a uma decisão judicial que nos inviabiliza. Sabemos que continuar a greve poderia nos prejudicar ainda mais, com o corte de pontos. Mas é importante ressaltar: não estamos voltando porque estamos satisfeitos. Muito pelo contrário. As condições que nos levaram a essa paralisação continuam. E, por isso, mantemos o estado de mobilização. Nossa luta ainda não acabou.
Agora, mais do que nunca, precisamos nos manter unidos. A mobilização continuará em todas as unidades de saúde do Distrito Federal. Vamos dialogar com os colegas e com a população, explicando que a nossa causa é também a causa de todos que dependem do sistema público de saúde. Não estamos lutando apenas pelos nossos direitos. Estamos lutando por um sistema de saúde digno e eficiente, que atenda às necessidades da população: o que não acontece hoje.
Não podemos mais aceitar trabalhar em condições precárias, onde a nossa capacidade de atendimento está comprometida pela falta de recursos básicos. Nós, médicos, estamos ao lado da população. Sabemos o quanto as pessoas sofrem com filas intermináveis, com a falta de medicamentos e com a ineficiência do sistema. Estamos nessa luta porque sabemos que é possível mudar essa realidade. Basta ter vontade, em especial, política. A saúde pública do Distrito Federal pode e deve ser melhor.
Enquanto presidente do SindMédico-DF, posso garantir que não descansaremos enquanto o governo não se comprometer com uma solução real e definitiva para a saúde. A paralisação foi encerrada, mas continuamos em alerta. Seguimos aguardando do GDF uma resposta às nossas reivindicações. Portanto, o fim da greve é uma mudança de fase. Porque o SUS, sempre digo, é perfeito! Imperfeita é a gestão. Contem com o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal.