O Sindicato dos Médicos do Pará parabeniza a médica paraense Angelita Habr-Gama. Natural do Marajó, especialista em cirurgia do intestino, ela se tornou a primeira mulher no mundo a ganhar a medalha Bigelow, criada em 1916, como uma homenagem oferecida pela tradicional Sociedade de Cirurgia de Boston, dos Estados Unidos, para cirurgiões que tenham contribuído para o progresso científico e ensino da cirurgia. A premiação foi no último dia 6 de novembro.
A Sociedade de Cirurgia de Boston destacou a pesquisa inovadora de Angelita e colegas sobre o uso de quimioterapia e radioterapia para o tratamento de câncer de reto sem a obrigatoriedade de posterior cirurgia.
O protocolo, criado na década de 1990 pela médica, previa que, em vez de operar todos os pacientes com esse tipo de tumor, se utilizasse quimioterapia e radioterapia, examinando-se periodicamente o paciente para verificar quem ainda apresentava a doença.
O grupo de pesquisa constatou que, em muitos casos, a doença desaparecia e não era necessário intervenção cirúrgica na qual, muitas vezes, removia-se o reto e o esfincter, obrigando o paciente a usar permanentemente uma bolsa de colostomia. A abordagem, portanto, garantia o mesmo resultado aos pacientes que tivessem resposta satisfatória à químio e radioterapia, mas, com grande impacto positivo na qualidade de vida do doente.
A médica é graduada pela Universidade de São Paulo (FMUSP), foi a primeira mulher a fazer residência em cirurgia no Hospital das Clínicas da USP. Ao fim da residência, ela decidiu especializar-se nas operações do intestino e buscou um estágio no Hospital St. Marks, em Londres, único no mundo focado nessa especialidade, onde foi admitida em 1962.
Com mais de 60 anos de carreira, Angelita Habr-Gama é a primeira mulher e primeira profissional da América Latina a receber a medalha.