Na propaganda do governo, o povo tem acesso a tudo que precisa na saúde pública. Mas na prática é diferente: falta inclusive médicos (quantitativo insuficiente), e para agravar, como o vínculo é precarizado, nem todo profissional se submete – fica uma lacuna enorme em diversas especialidades. Felizmente, o cidadão começa a enxergar as peças nesse ‘jogo de xadrez’. Muitos percebem nosso esforço para dar o melhor com o mínimo disponibilizado pelos gestores, o que soa como alento. Nossos pacientes constatam in loco o desabastecimento de medicação e demais insumos necessários ao bom ao atendimento. Portanto, não adianta investir em publicidade enganosa. A saída é tratar com seriedade a saúde pública. Quem vai às UPAS, UBSs e hospitais quer sair satisfeito com o serviço. A culpa das falhas não é do médico, aliás, somos todos vítimas da escassez…
FISCALIZAÇÃO
Cada atendimento médico gera recurso para o ente público aplicar na melhora do serviço, mas falta o devido zelo no investimento. A negligência na fiscalização é tanta que já virou rotina a imprensa noticiar desvio desses valores. Basta analisar a planilha onde os secretários municipais registram o volume de atendimento, no portal do DataSus, para ver que os números contrastam com a realidade, ou seja, levantam suspeita de fraude. Nos últimos anos, pasmem, ¼ das prefeituras de Alagoas receberam mais do que de fato deveriam, mas as inconformidades estão sendo alvo de investigação. Em alguns casos, a produção foi elevada acima de 60%, ou seja, uma farsa que nem requer análise complexa para ser detectada. Quem está se beneficiando com isso? O trabalho médico vem sendo usado de forma escusa, mas como já houve denúncia, esperamos que nenhum caso fique impune. É urgente corrigir as distorções e fazer os recursos retornarem a sua finalidade.
SAÚDE MENTAL
Por falar em escassez na rede pública de saúde, vale lembrar a crise da assistência psiquiátrica. Já que estamos no setembro amarelo, mês de conscientização e prevenção das doenças de origem emocional, os gestores deveriam aproveitar a ocasião e promover investimento da área. Há muitos anos a carência de psiquiatras constitui um dos principais entraves para impulsionar a assistência, e a demanda de pacientes sobe em ritmo acelerado. A desculpa é não haver especialistas disponíveis para suprir a vacância, mas a Sociedade Alagoana de Psiquiatria diz que temos profissionais suficientes para toda a população. O problema é o baixo salário. Para resolver, basta fazer concurso e garantir remuneração adequada. Inadmissível continuarem tratando com descaso a saúde mental.
Fonte: Sinmed-AL