Desde 2011, os médicos credenciados do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do RS (IPE-SAÚDE) não recebem reajuste pelos procedimentos realizados em hospitais. Uma defasagem de mais de uma década considerada aviltante pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), para o atendimento dos quase um milhão de usuários do convênio gaúcho.
Para se ter uma ideia do que significa a não reposição desses valores, o presidente do Simers, Marcos Rovinski, coloca esse déficit na ponta do lápis. “O médico clínico que atende um paciente internado no hospital, desde casos de intubação por Covid-19, AVC ou enfarto, recebe R$ 25,59 por dia para examinar, avaliar os exames, prescrever e conversar com a família. Tirando os descontos do Imposto de Renda, chega ao médico a quantia de R$ 18,00 a ser paga entre 90 a 120 dias pelo IPE, o que não cobre nem mesmo o estacionamento”, lamenta.
Ele ainda cita outro exemplo alarmante: “Para a realização de uma cirurgia, como a retirada de uma hernia, o médico recebe R$ 160,00 líquidos, que também valem para o acompanhamento do paciente nos próximos dois ou três dias do pós-cirúrgico. Já o médico assistente vai receber 30% deste valor!”.
Consultas Médicas
O descompasso também reflete nas consultas médicas para médicos credenciados como Pessoa Física. Hoje, o IPE-Saúde paga ao profissional a quantia de R$ 62,00 pelo atendimento em consultório. “Com a carga tributária incidindo sobre esse valor, sobram cerca de R$ 45,00 para o profissional”, conta o presidente. Hoje, para manter um consultório na Capital, incluindo despesas como aluguel, água, luz e telefone, seriam necessárias a realização de 200 consultas por mês, apenas para cobrir os custos.
CBHPM
E como reverter essa situação? De acordo com o presidente do Simers, é fundamental que o governo faça valer a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), principal índice para estabelecer os valores dos serviços prestados, sendo referência para os planos de saúde, no País. Demanda que foi apresentada pela direção do Sindicato ao atual presidente da autarquia, Bruno Jatene, no final do ano passado, quando assumiu a gestão.
“A CBHPM serve como parâmetro para garantir uma remuneração adequada aos serviços médicos e hospitalares prestados e foi a reivindicação que apresentamos ao governo do Estado, pois a tabela que o IPE-Saúde utiliza não tem relação com nenhuma outra existente. O que reforça a necessidade de um posicionamento dos gestores sobre o que será feito para viabilizar a reestruturação da autarquia”, explicou Rovinski.
Fonte: Simers