Sindicato dos Médicos do Ceará informa que vai recorrer da decisão judicial sobre o fechamento do hospital
No dia 1º de julho, o Gonzaguinha de Messejana encerrou suas atividades para uma grande reforma, que envolve demolição do prédio. A intervenção foi confirmada pela Prefeitura de Fortaleza no dia 1º de junho, causando surpresa aos profissionais da saúde, servidores e população. Quinze dias após o fechamento da unidade, o Sindicato dos Médicos do Ceará esteve no local para averiguar o andamento da reforma. Mas, até o momento, as obras ainda não foram iniciadas.
No entorno do hospital, o cenário é de ruas vazias e comércio fechado. Carros a serviço da prefeitura de Fortaleza entram e saem do estacionamento, mas não há mais nenhum atendimento.
Moradores do bairro que conversaram com a equipe do Sindicato dos Médicos relataram que, diariamente, vários caminhões retiram os equipamentos para esvaziar o local, e lamentaram o fechamento da unidade. Um dos moradores, que trabalha em frente ao hospital há mais de 20 anos, que preferiu não se identificar, disse que chora ao pensar no número de pessoas que ficaram desassistidas.
Uma comerciante do bairro, que pediu para ter a identidade preservada, disse que, todos os dias, antes das 6 horas da manhã, sempre tem alguém na frente do portão do hospital em busca de atendimento e, segundo ela, não há ninguém para dar informação.
A comerciante também relatou que sua mãe fazia tratamento no hospital e estava prestes a realizar uma cirurgia no útero, e agora não sabe como vai ficar. “Ela ia ser transferida para outro hospital, porque aqui disseram que não tinha UTI, então se ela passasse mal na cirurgia não tinha como se responsabilizar. O Gonzaguinha fechou e minha mãe não foi transferida para nenhum outro hospital, simplesmente ela está em casa. Com certeza ela vai ter que ir para o posto de saúde, e o posto daqui a gente não pode andar, porque é no Curió, então a gente fica sem saber para onde ir”, contou.
Outro morador que também tem um pequeno comércio, na Rua Francisco Leandro, há seis anos, queixou-se do fechamento do Gonzaguinha. “Não tem mais atendimento e a população fica desassistida, porque chegam muitas pessoas aqui atrás de atendimento e não tem”, disse. Ele também reclamou da falta de previsibilidade para início e término da obra.
Protestos
Ao longo de todo o mês de junho, o Sindicato dos Médicos e demais categorias da saúde realizaram diversos protestos contra o fechamento do Gonzaguinha de Messejana. Moradores e usuários do hospital juntaram-se ao movimento para dizer não ao fechamento, mas não houve acordo.
O Sindicato dos Médicos destaca que, 15 dias após fechamento, a prefeitura de Fortaleza ainda não apresentou a licitação para construção do prédio, o projeto de obra, o plano de ação, nem mesmo o cronograma de início e entrega. Além disso, o laudo técnico foi apresentado dia 21 de junho, ou seja, somente após o plano de desmobilização iniciado em maio.
Tendo em vista que as obras ainda não foram iniciadas e que não há uma previsão, o Sindicato dos Médicos do Ceará informa que vai recorrer da decisão judicial sobre o fechamento do Gonzaguinha de Messejana.
Impacto
Quinze dias fechado para obra e nada ainda foi feito. O que a população perdeu?
150 partos;
25 curetagens;
150 consultas emergenciais e ambulatoriais.
Fonte: Comunicação do Sindicato dos Médicos do Ceará