Após contribuir para uma matéria da TV A CRÍTICA (veja o vídeo) que abordou sobre o afastamento de quase 1 mil trabalhadores da rede de saúde pública de Manaus que testaram positivo para a covid-19 ou síndrome gripal, o presidente do SIMEAM, Dr. Mario Vianna faz um alerta para a população, órgãos de fiscalização e controle, entidades de classe e sociedade civil organizada.
Os profissionais de saúde são os que mais se expõem a doenças (covid, síndromes respiratórias e outras) pelo motivo de estarem no atendimento, então, em tempo de pandemia é de se esperar que haja uma maior exposição dos profissionais até pela falta de estrutura, também pela falta de organização das unidades de saúde, ou seja, tentando se separar os pacientes com suspeita realmente de contaminação para que sejam atendidos em salas separadas com distanciamento e evidentemente os profissionais equipados, o que sabemos que não acontece.
O que acontece é o excesso de trabalho, um aumento na demanda e diminuição das equipes, ou seja, sobrecarregando os profissionais exatamente pelos afastamentos. Também temo a problemática evidente de que os leitos foram reduzidos da segunda onda para essa terceira onda e na verdade já devia ter ativado mais leitos. Já tá se falando em superlotação, mas é tudo muito relativo porque se diminuir o número de leitos clínicos e de UTI, eles vão ser ocupados mais rapidamente.
Também não temos um programa de controle médico de saúde ocupacional para os profissionais de saúde, tanto dos estatutários (efetivos), e muito menos dos profissionais terceirizados, que forma o grande contingente. Esse contingente é um contingente oculto que possivelmente a gestão pública não coloca na estatística de afastamento porque esse afastamento é feito por meio da empresa que o profissional faz parte e que se não trabalha, não recebe.
São profissionais que trabalham doentes porque precisam sobreviver e acabam se expondo, expondo dos colegas de trabalho e se colocando em contaminação também, inclusive aos pacientes que buscam atendimento. Acaba tudo virando uma bola de neve porque não existe o programa de controle médico de saúde ocupacional, não existe as testagens periódicas que deveriam ser prioridade para esses trabalhadores por conta da atividade que desenvolvem.
Além disso não temos a participação dos representantes desses profissionais de saúde nos comitês de contingenciamento do covid e síndromes gripais, falta ainda as informações e orientações com mais transparência e objetividade. Por exemplo, quando abriram os centros de testagens, com fins políticos, não orientaram a população que era para ir prioritariamente aqueles que tivessem sintomas e informar que existe um período que os exames dão positivo e depois não negativos, a partir da data do início dos sintomas.
O Hospital Delphina Aziz é um exemplo da questão de leitos, que chegou a ter 100, 150 leitos de UTI, e hoje não chega a esse número. Então, rapidamente com esse aumento de casos da ômicron, que tem grande transmissibilidade, mas pouca virulência, com isso o quantitativo de atendimentos de ambulatoriais aumentou, mas o número de internações não teve aumento expressivo em que pese o número aumentado de contaminados.
Entretanto a pressão no sistema aumentou porque ouve desde da segunda para a terceira onda de covid, por conta da grande diminuição irresponsável do número de leitos disponíveis no momento. Dessa forma, matematicamente, como explicou o presidente do Grupo Samel, Luis Alberto Nicolau, tem razão, quando afirma que isso passa uma falsa impressão de que a coisa tá sem controle.
Está sem controle de estratégia de gestão do governo e isso nós já sabemos há muito tempo, que agora inclusive, está se mostrando também que a segurança pública está sendo sucateada em detrimento de se contratar agentes para atividade de cabo eleitoral do governo.
Continuamos sem saber quem são os membros do comitê de contingenciamento do covid, e acreditamos que o caos ajuda alguns politicamente. Sabemos que tá se montando um hospital de campanha, mas de forma lenta e de repente já se gastando dinheiro, mas sabemos também ao mesmo tempo que é uma possibilidade do ômicron ser o fim da pandemia.
E mais uma vez reiterar que o sistema de saúde pública do Amazonas, pelos momentos difíceis que passou, já deveria estar mais azeitado e treinado para respostas mais rápidas. Por exemplo, a Hap Vida tem uma outra unidade hospitalar como hospital de retaguarda para atender em caso de superlotação em unidades que atende a demanda comum diariamente.
A ANS (Agência Nacional de Saúde) exige dos planos de saúde que tenham capacidade para atender suas demandas, em momento de pandemia ou não. E a saúde pública do estado também deveria ter essa preocupação.
E para finalizar, quero destacar a ideia que a gente apresentou desde 2019, muito antes da pandemia, quando começou a exigir a divulgação de informação dos profissionais que estão de plantão nas unidades dentro do que está previsto em norma do Ministério da Saúde, resguardando o telefone e endereço do médico, o que chegou até ter cogitado pela gestão pública.
De acordo com a Lei 8080 do Sistema Único de Saúde (SUS), o painel deve apresentar as informações de cada unidade como se o laboratório está funcionando, o Raio X, se tem vaga na UTI, se o Centro Cirúrgico está interditado, o número de leitos clínicos e de UTI ocupados, etc.
Diante desse cenário surge uma pergunta: porque isso não é colocado em prática? Porque a população veria de forma clara a precariedade do sistema de saúde do Amazonas e do Brasil.
Fonte: Simeam