Com uma tristeza profunda, a Federação Médica Brasileira (FMB), lamenta o falecimento de uma de suas fundadoras, a médica Dra Silvana Soraya Gouveia Henriques Martins, registrado no domingo, 19 de setembro, em João Pessoa, na Paraíba. Ativa no combate à Covid-19 desde o início da pandemia, Silvana acabou sendo vítima do mal contra o qual lutava diariamente há mais de um ano. O sepultamento será nesta segunda-feira, 20 de setembro, às 16h30, no Parque das Acácias, em João Pessoa.
“É com muita tristeza e pesar que recebemos a notícia da perda da Silvana Soraya. Valorosa companheira, fundadora da FMB, ajudou muito na construção do que somos hoje. Vai deixar saudade e um vazio muito grande”, destaca o presidente da FMB, Casemiro dos Reis Junior.
Silvana Soraya era formada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e com especialização em Administração dos Serviços de Saúde pela Universidade de Ribeirão Preto, em Medicina do Trabalho pela Universidade São Francisco em São Paulo e em Saúde da Família pelo Ministério da Saúde. Ocupava o cargo de secretária Geral do Sindicato dos Médicos da Paraíba.
“Silvana era uma sindicalista dedicada e competente. Trabalhamos juntos na fundação da FMB e ela contribuiu para a consolidação de nossa entidade nacional. Deixa um espaço vazio no sindicalismo médico e no coração de todos nós”, destaca o primeiro presidente da FMB, Waldir Araújo Cardoso.
Para a tesoureira da FMB, Malu David, “Silvana era uma mulher de fibra, decidida e, lutava com muita garra por tudo em que acreditava. Participou de todas as reuniões para a criação da FMB. Foi diretora de Saúde Suplementar na 1ª gestão da Federação. Estamos de coração partido. Vai em paz, Silvana. Aqui lutaremos a sua luta que, também é nossa: defesa dos médicos e da Medicina. Salve Silvana Soraya. Deus lhe acolha com todo o carinho que você merece”, afirmou.
Em nota, o Sindicato dos Médicos da Paraíba reforçou que Silvana Soraya integrava a diretoria “desde 2007, chegando a ocupar o cargo de vice-presidente em 2010 e sempre lutou bravamente em prol de toda uma categoria, inclusive em movimentos nacionais, sendo uma das fundadoras da Federação Médica Brasileira”.
Uma história digna!
Em entrevista divulgada no site do CRM-PB, em julho deste ano, a médica Silvana Soraya detalhou o trabalho diário no enfrentamento à Covid-19. “Estamos fazendo história nessa guerra, somos guerreiros, mas precisamos de proteção e eu decidi dar a minha contribuição”, destacou.
Confira a entrevista divulgada em 1º de julho de 2020:
Como tem sido trabalhar em hospital referência Covid durante a pandemia?
Tem sido gratificante. Me sinto orgulhosa por fazer parte de uma equipe que fez a diferença no tratamento de Covid, no Estado da Paraíba. Sempre me emociono com os depoimentos de agradecimento de pacientes e familiares. Quando iniciou a pandemia eu estava afastada do trabalho porque tinha operado o ombro e, 15 dias após, a vesícula. Então, eu ficava acompanhando os grupos de colegas médicos pelas redes sociais e ficava angustiada por não estar fazendo parte do contexto. Tinha acabado de me aposentar do serviço público. Assim eu decidi que eu deveria dar minha contribuição, apesar da minha família me pedir para não me expor tanto, já que tenho comorbidades.
Como tem sido a sua rotina de trabalho? Mudou muito após a pandemia?
Nos primeiros meses eu trabalhava todos os dias. Ao chegar em casa eu tirava o calçado, deixei um local para colocar minhas roupas, tomava banho, lavava o cabelo várias vezes no dia (isso pra mulher é terrível). Tinha muito medo de contaminar a mim e a minha família. A pandemia mudou o comportamento das pessoas. A afetividade, o abraço e o beijo fazem muita falta. O que mais me faz falta desde o início da pandemia é o contato com a minha mãe que está muito restrito.
Há algumas semanas temos visto a diminuição do número de óbitos e de casos graves de Covid-19 na Paraíba, com uma menor ocupação dos leitos de UTi. A sra atribui isso a quais fatores?
Atribuo à vacinação que já está bem adiantada, além do número de pessoas que já tiveram, que já obtiveram “imunidade”, diminuindo assim a circulação do vírus na população geral.
Os profissionais de saúde estão exaustos em quase um ano de trabalho árduo na pandemia. Qual a mensagem a sra pode dar a eles?
Que continuem se protegendo, não descuidem do uso de EPI’s. Se o serviço não oferecer condições de trabalho adequadas entre em contato com as entidades médicas (CRM e Sindicato dos Médicos). Estamos fazendo história nessa guerra, portanto somos guerreiros mas temos que usar armaduras para nossa proteção. Aos recém-formados que ainda não foram vacinados, exijam só iniciar o trabalho se disponibilizarem vacinas e EPI’s.
O que a sra pode dizer à população que ainda promove aglomerações e não segue as medidas sanitárias?
Peço que tenham calma, logo logo poderemos voltar à vida “normal”. Alguns países já estão diminuindo a obrigatoriedade da máscara. Por exemplo: a Itália já está com a classificação branca. Sendo assim, devemos permanecer utilizando máscaras que cubram nariz e boca. Evitem aglomeração. E, por fim, não deixem de se vacinar. A melhor vacina sempre será a que estiver disponível.