Pensando na importância do aleitamento materno, a Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP criou em 2017 a campanha “Agosto Dourado”, que visa conscientizar a população sobre a importância da amamentação nos primeiros anos de vida dos bebês. Logo nos primeiros dias do mês de agosto é celebrada a Semana Mundial de Aleitamento Materno, que este ano tem como tema “Proteger a amamentação: uma responsabilidade de todos”.
A Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação de forma exclusiva nos primeiros seis meses sem a necessidade de qualquer tipo de complemento, tais como água, chá ou outros alimentos, e a manutenção com complemento por dois anos ou mais. Porém algumas mães podem enfrentar dificuldades para amamentar, como fissuras no mamilo, pega inadequada, pouca produção de leite, entre outras. A presidente da Sociedade Paraense de Pediatria e diretora do Sindmepa, Vilma Hutim comenta sobre as dificuldades que as mães podem encontrar no início do aleitamento.
“O colostro é produzido pouquinho e muitas mães podem atribuir isso a baixa produção de leite, mas não é. É perfeitamente normal que nos primeiros três dias a mãe produza pouquinho leite, como se fosse gotículas”, frisa Vilma.
Ainda sobre a produção de leite, a médica explica que a baixa produção é mais comum em mães de bebês prematuros extremos, já que devido ao longo período de internação do filho, a mãe pode acabar não realizando o esvaziamento e a ordenha adequada.
“Ela pode realmente diminuir a produção, mas a partir do momento em que o bebê passa a sugar o peito, com toda orientação, a maioria consegue amamentar normalmente”, ressalta. Além disso, a baixa produção de leite pode estar relacionada a falta de líquidos e alimentação adequada.
Outra dificuldade que a lactante pode enfrentar ao amamentar está associada à pega, que está diretamente relacionada à posição do bebê ao mamar. “Se não tem uma pega adequada vai formar fissuras no bico do peito, essa mãe vai ficar desconfortável e pode ter dificuldade para amamentar”, comenta a médica.
A posição durante a amamentação deve ser confortável para ambos, sendo que o bebê deve estar posicionado virado para a mãe e o queixo deve estar encostado no seio, diferente do nariz, que deve estar livre para facilitar a respiração. Confira a imagem abaixo:
Para Vilma Hutim a amamentação é um aprendizado e a atuação dos profissionais de saúde é fundamental neste processo, pois ao conhecer situações adversas da amamentação podem auxiliar as pacientes. “A amamentação também é um aprendizado que exige toda essa prática para que ocorra uma amamentação bem-sucedida. Para isso seria essencial toda uma questão de educação sobre amamentação durante o pré-natal e que fosse trabalhado adequadamente”, pontua a pediatra.
Além disso, Vilma destaca que o estado emocional da mãe é muito importante durante o aleitamento. “A tranquilidade, a segurança, as vezes a mãe está ansiosa, preocupada ou num ambiente conflituoso. Tudo isso vai interferir na produção do leite e na capacidade de amamentar”, ressalta.
Durante a campanha “Agosto Dourado” ocorre também o incentivo para a doação de leite materno, que além de receber doações auxilia mães com dificuldades no processo de amamentação. “O banco de leite da Santa Casa é aberto 24h e também é aberto ao público para orientação e apoio, tanto para a questão da doação de leite, quanto para dificuldades na amamentação”, relembra Vilma Hutim.