Os dois médicos acusados de dormirem quando estavam de plantão na UPA de Palmeira dos Índios, na madrugada do dia 22/01, podem ter sido vítimas de uma armadilha planejada para denegri-los. O Sinmed ouviu os plantonistas acusados, que dizem ter havido um plano para prejudicá-los. Esperamos que a prefeitura municipal esclareça a verdade diante da justiça, restabelecendo a harmonia.
De acordo com o relato dos fatos, a primeira contradição é o desligamento das câmeras justamente na data da suposta ocorrência. Constam no arquivo apenas imagens do dia anterior e do dia posterior, o que demonstra o intuito de dificultar provas. Foi dito que após diversas batidas na porta, os médicos não saíram para fazer o atendimento. A direção da UPA alega ter havido problema no equipamento de gravação de imagem.
Outro fato suspeito: a funcionária que costuma avisar os médicos sobre a chegada de pacientes, coincidentemente é uma pessoa ligada ao prefeito do município. Trata-se da esposa de um servidor da Assessoria Jurídica da prefeitura, e já foi protagonista de um outro desentendimento com o Dr. Henrique, no passado. Somado a isso, um detalhe levanta suspeita: na mesma data (22/01), no horário da manhã, três pessoas ligadas ao prefeito solicitaram ao Dr Delton um encaminhamento para internar um paciente de pneumonia na unidade de emergência do agreste, mas o médico se recusou alegando que apenas os casos de traumas são encaminhados. Seria necessário, portanto, um laudo falso para ‘justificar’ a internação. Inconformados, eles pediram interferência da diretora da Upa, a quem o profissional ratificou suas razões. A diretora, então, ligou para o prefeito e pediu para o médico deixá-lo a par dos motivos da sua negativa, o que foi feito na hora, em conversa telefônica. Surpreendentemente, na noite do mesmo dia (madrugada de quarta para quinta-feira) houve o fato inusitado envolvendo o Dr Delton e outro colega, o Dr Henrique, ambos contratados pela gestão anterior.
Após a acusação infundada, o prefeito exonerou ambos sob acusação de dormirem no plantão. O curioso é que o contrato dos médicos é feito por uma empresa terceirizada, a Med Rio, e não pela prefeitura. Nesse caso, quem tem legitimidade para fazer a rescisão? O prefeito tem competência legal apenas sobre os funcionários vinculados ao município, a exemplo da enfermagem, que aliás foi poupada. Caso seja comprovada a suposta negligência no plantão, a enfermeira do turno também deveria ser considerada corresponsável, afinal, presenciou a cena e nada fez para que o atendimento fosse realizado. Mesmo não tendo obrigação expressa de chamar o médico, ela tem responsabilidade solidária diante da necessidade de um atendimento.
Enfim, o Dr Delton é plantonista há oito anos e nunca foi registrada nenhuma queixa contra sua conduta profissional. O Dr Henrique tem menos tempo, mas sua conduta é igualmente idônea. Estranhamente, já que a acusação configura falha da equipe, somente os dois foram punidos, justo os dois desafetos do gestor. Em 2018 eles foram xingados pelo mesmo prefeito após terem feito um dia de protesto contra atraso salarial. A relação se desgastou desde essa época. Tal como num plano de revanche, a enfermeira não chamou o médico no intuito de consumar a queixa. Mesmo sem a atribuição de chamá-lo, a omissão se encaixa com folga na falta de solidariedade e de compromisso com a vida de um paciente. Se coubesse alguma punição, seria extensiva a todos, mas não foi. Houve perseguição e vingança direcionada aos desafetos do prefeito. Foi registrada a entrada do paciente, e a observação de que o mesmo foi embora. Desligaram as câmeras ocultando provas de que ninguém foi chamar os médicos. Mas uma pessoa estava na recepção e se dispõe a falar em juízo que ninguém foi chamá-los. Diante do exposto, o Sinmed reconhece que o mínimo a ser feito pela prefeitura é se desculpar por ter denegrido profissionalmente os profissionais.
Fonte: Sinmed