Diversas vezes quando pensamos em melhorar a qualidade de assistência ou promover maior segurança do paciente, logo vêm à nossa cabeça imagens de exames caros, protocolos complexos e ferramentas das mais diversas. Só que nem sempre tudo isso é preciso.
Um hospital da Holanda conseguiu atingir tudo isso gastando praticamente nada!
Esse artigo foi publicado originalmente na Harvard Business Review, que dispensa apresentações. Como o ambiente da saúde é cada vez mais complexo, soluções simples pra resolver grandes problemas merecem sempre ser compartilhadas.
“A maioria dos avanços modernos na melhoria da assistência parece envolver tecnologias caras e uma quantidade imensa de gestão dedicada. Contudo, o Staff do Rotterdam Eye Hospital conseguiu melhorar o cuidado ao paciente e a moral dos colaboradores por um custo bastante modesto: 10 minutos por dia e um baralho especial de cartas.”
Membros do time de Design Thinking do hospital inspiraram-se quando embarcaram em um voo da KLM Airline: durante uma reunião rápida pré-decolagem da tripulação da cabine, os membros do time apresentaram-se entre si e fizeram uns aos outros duas perguntas sobre segurança de voo.
Quando voltaram ao Rotterdam Eye Hospital, os gestores perguntaram-se por quê eles não podiam implementar uma ferramenta similar aos seus próprios encontros “pré-turno”?
Afinal de contas, as situações eram similares: profissionais que possivelmente nunca trabalharam juntos, mas que devem formar uma equipe concisa rapidamente para executar suas tarefas respeitando os guidelines institucionais.
Para testar a ideia, os gestores do hospital desenvolveram um jogo de cartas sobre segurança do paciente que encorajaria os colegas de trabalho a trabalharem juntos mais facilmente, além de reforçar seus conhecimentos fundamentais sobre cuidado e segurança do paciente.
Hoje, outros hospitais e organizações de cuidado estendido na Holanda também já começaram a praticar o jogo. Em 2016 e 2017, uma casa de repouso e um centro de reabilitação do Zorgpartners Midden Holland, perto de Rotterdam, adotaram os encontros com o jogo de cartas e têm notado melhorias similares no cuidado dos pacientes e na moral do time.
O jogo de cartas
No começo de cada turno, os membros do time se reúnem para um rápido encontro. Cada membro avalia seu humor como verde (estou bem), laranja (estou OK, mas tenho algumas preocupações) ou vermelho (estou estressado).
O resto do time não precisa saber se você está irritado em função de um aluguel atrasado ou se está preocupado por causa de um filho doente. Como você está se sentido, entretanto, é muito importante pois afeta como você deve ser tratado.
A seguir, o líder da equipe pergunta se existe algo em particular que o time precisa saber para ser mais efetivo em conjunto naquele turno: por exemplo, “Existe algum atraso no transporte público para que possamos esperar que os pacientes atrasem-se para os compromissos?” ou “Há algum paciente com algum tipo de necessidade especial que precisa de atenção extra?”
Compartilhar essas respostas ou resultados gerados pelo cartão de perguntas e atividades com o grupo garante que os insights sejam gravados.
É só isso.
Fonte: Gustavo Hirt/ Academia Médica