Sempre advertimos sobre o perigo por trás da terceirização dos serviços de saúde, apesar de sermos mal interpretados. Nossa posição contrária, infelizmente, nunca ganhou ressonância por parte de outros segmentos da sociedade civil. Fato é que, na sombra desse descaso, os gestores expandiram cada vez mais a iniciativa. Hoje os hospitais públicos parecem feudos – quase todas as especialidades são, em tese, prestadas por ‘empresas privadas’. Quer dizer, o governo exige um CNPJ para contratualizar – é a condição para oferecer o atendimento que a população precisa.
Neurologia, anestesiologia, ortopedia, cardiologia e tantas outras áreas médicas imprescindíveis numa rede pública não são preenchidas por meio de concurso, mas por mecanismos que permitem o favorecimento ilícito aos apadrinhados do governo. Só um certame sério seria capaz de coibir essas armadilhas que levam os recursos públicos a fomentar a corrupção.
Entregar a gestão da saúde às OSs, fazer processo seletivo simplificado e contratar pessoa jurídica são escolhas que o governo faz intencionando o crime. Os beneficiados são sempre pessoas do afeto dos gestores. Se alguém por acaso tinha a inocência de não enxergar isso, a polícia federal escancarou tal verdade essa semana, ao desarticular a operação Dama da Lâmpada. E se continuar investigando ainda vai descobrir dezenas de outros desmandos e grupos criminosos alimentados pelo governo.
Enquanto isso, a qualidade da assistência padece de maus-tratos, e o trabalhador médico, em sua maioria, sequer tem acesso a uma carreira de estado, não passando de um mero operário explorado por políticos corruptos, como sempre denunciamos. Nossa esperança reside na credibilidade da polícia federal, da justiça e demais instâncias fiscalizadoras da lei – a estas, o nosso irrestrito apoio.
Fonte: Sinmed AL