Entre as principais doenças de origem emocional que afetam a classe médica brasileira constam depressão, ansiedade e síndrome de Burnout, como enfatizou o psiquiatra alagoano Gerardo Campana em recente palestra proferida para colegas de diferentes especialidades, no auditório do Sindicato dos Médicos de Alagoas.
Ele mostrou o resultado de uma pesquisa realizada pela equipe do Portal Medscape, indicando que 14% dos médicos afirmaram aos pesquisadores que tiveram vontade de cometer suicídio alguma vez na vida. O pior: mais da metade nunca procurou ajuda, alegando ser capaz de resolver a situação sozinho, fazendo automedicação. O Medscape é um dos principais destinos on line de notícias com atualização médica, e nessa pesquisa ouviu 15 mil profissionais brasileiros.
O estudo sugere que, independentemente da medicação, entre o público pesquisado, aqueles que desenvolvem a espiritualidade, e exercitam ao mesmo tempo a fé e a afetividade, 63% conseguem afastar doenças psicossomáticas. “A espiritualidade funciona como efeito protetor, não importando a religião escolhida. Há uma ressalva apenas para as convicções radicais. Cerca de 11% dos que internalizam crenças radicais adoecem em função disso. Nessa condição, a pessoa fica mais susceptível ao estresse. É o caso de pessoas com dificuldade de manter relacionamentos e respeitar opiniões contrárias. Isso tem efeito prejudicial à saúde,” advertiu Campana.
Ele recomenda incluirmos na nossa rotina atividades que proporcionem prazer, alegria, bem-estar. ‘É imprescindível aliar às obrigações de cada dia, uma dose de satisfação. Devemos descobrir como tornar os compromissos de cada dia mais suaves e prazerosos. O peso da responsabilidade vai continuar do mesmo tamanho, o que vai mudar é a forma de vivenciá-lo. Tudo que é negativo pode ser trabalhado e transmutado a nosso favor. As ondas e vibrações que geramos através do pensamento produzem sensações benéficas ou não. Vale a pena aprender a direcionar isso em prol do nosso bem-estar”, alertou o psiquiatra, frisando que ninguém deve subestimar o autoconhecimento, muito menos os recursos que favorecem a evolução, o senso interior de valor, o amor a si próprio.
‘Quem não consegue amar a si próprio não saberá amar o próximo, nem exercer a afetividade sequer com animais, imagine com seus semelhantes’. Segundo Campanha, os caminhos para o desenvolvimento do afeto estão na própria família, na religião, na educação e também no trabalho. ‘Os diferentes níveis de relacionamento nesses campos, quando ancorados pelo afeto e espiritualidade, tendem a produzir sensação de acolhimento, pertencimento, harmonia, enfim, conexão com a luz. Surgem princípios e valores que impulsionam o crescimento emocional, e a serenidade de uma vida plena, com aceitação de si e do próximo. Consequentemente, ocorre uma chance menor de adoecimento e conflitos’, concluiu o psiquiatra em recente palestra proferida para um grupo de colegas médicos, e que marcou a inauguração do auditório do Sinmed – após a reforma.
Fonte: Sinmmed