Em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), foram debatidos os problemas enfrentados por funcionários e usuários do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), no dia 5 de junho. O hospital passa por uma reforma que se arrasta por cinco anos e já consumiu R$ 160 milhões de reais, tendo previsão ainda de um gasto de pelo menos mais R$ 40 milhões até seu término nos próximos anos. Com o fim da obra, os leitos do IIER devem passar de 120 unidades para cerca de 250. Diariamente faltam medicamentos e insumos no hospital, o que atrapalha o trabalho e a assistência aos pacientes. Nenhum representante do governo do estado nem da administração do hospital participou da audiência.
O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti, que compôs a mesa da audiência, questionou que, em uma realidade em que o governo contingencia recursos e não se pode contratar profissionais, como o Emílio Ribas irá funcionar com o dobro da sua capacidade após o término da reforma? Ele contou que essa e outras perguntas sobre o futuro do hospital já foram feitas para o governo do estado de São Paulo, mas não obteve resposta. A administração do hospital também foi indagada, mas sem retorno. “Estamos lidando com uma situação de falta de planejamento e isso é incompetência administrativa. Se não for incompetência e o governo sabe o que vai fazer do Emílio Ribas, então estamos diante de falta de transparência e as duas coisas são muito sérias.”
Para a médica Luciana Borges, presidente da Associação dos Médicos do IIER, era preciso que a reforma ocorresse para trazer todo esse desenvolvimento que o hospital necessita, porém a reforma prometida para o segundo semestre de 2019 está bem longe de acabar. “Mudou-se a empresa, ela finalizou o contrato e, atualmente, ela (reforma) está parada. Existe uma divulgação por parte da diretoria da liberação de dinheiro para o andamento a partir do segundo semestre deste ano, mas baseada em uma nova licitação, com uma nova empresa, que ainda não terminará a reforma, com provavelmente uma terceira fase para o outro ano. Então pelo menos três a quatro anos a mais de reforma e com o aumento do gasto proposto inicialmente. Um aumento absurdo de gastos”, explica.
Já Marina Andrade, diretora da Associação dos Médicos Residentes do IIER, contou que veio do Ceará por sonhar em atuar no hospital, que é referência na América Latina em infectologia, mas encontrou um cenário diferente do que idealizou. “É muito difícil a gente vir de longe, chegar aqui e ver um hospital literalmente quebrado no meio. A gente tem que dividir os andares do lado novo e do lado velho. Um que está todo reformado e outro que não está e é muito difícil colocar o paciente lá. Fora que o laboratório não está funcionando e ele está sendo colocado em um espacinho bem pequeno.”
“Não tem quadro suficiente de trabalhadores para dar esse suporte para a população. Por isso viemos aqui para entender como será”, disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), Cleonice Ribeiro.
Como encaminhamento, Carlos Giannazi, proponente da audiência, se comprometeu a solicitar explicações sobre os problemas levantados na audiência pública ao secretário da Saúde do estado, José Henrique Germann, e ao diretor do instituto por meio da comissão de saúde da Alesp. O parlamentar também afirmou que solicitará sindicância ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) em razão do atraso da obra. Ainda, Gianazzi irá denunciar a situação ao Ministério Público Estadual (MPE).
Por iniciativa da médica do IIER Marianna Lago e com a adesão dos funcionários, foram colhidas mais de 227 mil assinaturas em um abaixo-assinado em defesa do Instituto Emílio Ribas.
Fonte: Simesp