Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre a situação atual do Sistema Único de Saúde (SUS), especialistas e representantes de classe destacaram que o maior problema está na distribuição dos profissionais pelas regiões brasileiras. Durante o debate, realizado nesta terça-feira (11/06), os convidados ainda criticaram o modelo de saúde privada, que tende a se tornar insustentável.
Segundo o representante da comissão Pró-SUS do conselho Federal de Medicina, Donizetti Dimer, os médicos escolhem a região em que desejam atuar conforme o salário, as condições de trabalho e a qualidade de vida. Esses fatores, conforme salientou, contribuem para a persistência da desigualdade na distribuição de profissionais.
— Formamos mais médicos que se concentram mais. Não há uma política adequada de fixação desses profissionais. Não só médicos, mas outros profissionais da saúde — observou
Para o professor e pesquisador do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde da Universidade de Brasília (UnB), Heleno Correa, é necessária uma mudança na ideia de privatizações da saúde — modelo que considera insustentável para qualquer classe social. Ele criticou o modelo de planos de saúde acessíveis, opinando que são meios de “tomar dinheiro de gente pobre”.
— No modelo em que cada um paga o que pode e compra o que pode, ninguém pode ter acesso ao número infinito de profissionais necessários para fazer a oferta desse modelo — lembrou.
O senador Paulo Paim (PT-RS), que presidiu a audiência, destacou que o deficit na saúde pública afeta não só quem precisa do sistema, mas também contribui para o encarecimento dos planos privados de saúde.
— Quando falamos de saúde, estamos tratando da defesa da vida. E naturalmente, o SUS nos preocupa. Não é a preocupação só desse ou daquele cidadão, mas do conjunto do povo brasileiro. Me assusta quando eu vejo que está disparando a mensalidade dos planos de saúde — lamentou.
Os participantes da audiência também alertaram para a possibilidade de cortes no orçamento do SUS: o Ministério da Saúde possui um orçamento de R$ 117 bilhões para este ano. A comissão ainda pretende solicitar uma audiência no Plenário do Senado para ampliar a discussão sobre os problemas do SUS.
Fonte: Agência Senado
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado