O ano de 2019 mal começou e as queixas de usuários da Farmácia do Estado já se acumulam. Entre elas está a daqueles que têm hipertensão pulmonar, doença crônica que tem alto percentual de mortalidade e que acomete pulmões e coração. Já na primeira semana do ano, um grupo de pacientes buscou ajuda do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para intervir em favor de pessoas que estão sem receber medicações, que são fornecidas pelo SUS. Alguns estão desde março de 2018 sem conseguir as drogas, que têm alto custo. Sem o tratamento correto, o quadro dos doentes tende a piorar.
Dados da Associação de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar de Pernambuco apontam que, nos últimos três anos, 19 homens e mulheres morreram da doença. Alguns estavam sem acesso aos medicamentos.“Estou na presidência de associação faz três anos e durante todo esse tempo nunca tivemos todas as medicações e em todas as dosagens”, reclamou a presidente do grupo, a professora Fátima Ribeiro, 54 anos. Segundo ela, existem cerca de 300 pernambucanos vivendo com a doença.
Na lista de medicações que deveriam ser fornecidas gratuitamente está o Bosentana, o Iloprost, a Sildenafila e a Ambrisentana. “São duas farmácias que dispensam a medicação. No Procape, a gente só tem o Sildenafila e Ambrisentana na dosagem de 10 mg. As outras medicações estão faltando. Um grupo que pega o Bosentana na Farmácia do Estado, que fica na Fusam, por ação judicial estão com praticamente nove meses sem receber a medicação. Ganhamos uma ação ano passado via MPPE e a medicação foi só dispensada no Procape, mas os pacientes que pegam na Fusam não receberam a medicação”, disse.
A nova audiência solicitada junto à promotoria da Saúde em 2019 retomou todas essas queixas, mas o MPPE, diante da transição de governo, marcou uma nova audiência para o início de fevereiro. Além dos medicamentos de hipertensão pulmonar, a reportagem recebeu denúncia da falta da medicação Ferriprox (diferiprona), que controla os níveis de ferro no organismo em pacientes com doenças sanguíneas.
O menino Paulo, 8, filho da dona de casa Renata Albuquerque, 33, é um deles. A criança é portadora de talassemia major, enfermidade que provoca deficiência na produção de hemoglobina. “Agora mais do que nunca ele precisa do remédio, porque está com um grande acúmulo de sangue no fígado”, desabafou a mãe. Renata disse só conseguiu a diferiprona em novembro do ano passado e de lá para cá só tem informação que o produto está em falta. “Só temos comprimidos para mais dez dias porque consegui uma doação de medicação com outros pacientes”, contou.
Em nota, a Farmácia de Pernambuco disse que está abastecida do Bosentana, na apresentação de 62,5 mg, e do Ambrisentana de 10 mg. Com relação ao Bosentana de 125 mg, o último processo de compra realizado pela farmácia deu “deserto”, ou seja, nenhuma empresa apresentou proposta para o fornecimento. Dessa forma, já foi iniciado um novo processo de aquisição. Também estão em processo de compra o Ambrisentana, nas apresentações de 5 mg e 10 mg, e o Iloprost. É importante destacar que este último é um fármaco importado, que só passou a ser produzido no Brasil em no final do ano passado.
Sobre o Sildenafila, a Farmácia informa que já foi feita uma compra para a apresentação de 20 mg, que está com entrega atrasada por parte do fornecedor. Paralelamente, a Farmácia do Estado já iniciou novo processo de aquisição, para os insumos de 20 mg, assim como os de 25 mg e 50 mg. Por fim, também já foi iniciado processo de compra para o Ferriprox (diferiprona).
Fonte: Folha de Pernambuco / Foto: Rafael Furtado /Folha de Pernambuco