Os salários dos médicos plantonistas das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Belém estariam atrasados desde outubro de 2018. A denúncia foi feita ao jornal Diário pelos profissionais que estão indignados com a situação. Por conta disso, eles pretendem fazer uma triagem nos atendimentos nessas unidades, e não descartam paralisar suas atividades.
A denúncia de atraso chegou ao secretário geral da Federação Médica Brasileira (FMB) e diretor do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), Wilson Machado. Segundo ele, o problema é antigo. “A Prefeitura atrasa, paga uma parte, enrola novamente e por aí vai”, acusou. Ele lembra que no final do ano passado houve a mesma reclamação dos anestesistas dos hospitais pronto-socorro Mário Pinotti, Guamá e Mosqueiro que não recebiam desde agosto.
De acordo com uma médica que atua há cinco anos na UPA de Icoaraci, o pagamento sempre esteve defasado e os profissionais nunca tiveram direito ao 13º salário. Ela explica que muitos plantonistas não assinam o contrato porque o valor é bem menor devido aos descontos de impostos. “Não somos concursados nem contratados. Porém, os deveres são os mesmos, mas os direitos trabalhistas não”, afirmou. Ainda segundo a médica, os salários de enfermeiros e técnicos de enfermagem também estariam atrasados. “A gente tem nossas contas, está tudo atrasado”, contou.
Por conta da situação, os profissionais de saúde decidiram fazer uma triagem no atendimento, priorizando casos do perfil da UPA, como emergência – alta gravidade -, muita urgência – com risco significativo -, e urgência – gravidade moderada e sem risco imediato. Pacientes classificados de pouca emergência ou não urgente não serão atendidos. “A gente atendia os demais porque nos compadecemos da necessidade da população, mas há casos que não são do perfil da Unidade, como avaliação de exames médicos”, citou.
Wilson afirma que uma reunião foi agendada com os médicos para a próxima semana e que tanto a federação como o Sindmepa cobrará esclarecimentos da Prefeitura. “Possivelmente a denúncia é verdadeira, pois na administração municipal, os atrasos são comuns com os médicos que não têm vínculo empregatício. Por outro lado, o quadro permanente da Prefeitura não cobre nem a metade da necessidade de médicos da cidade”, completou.
Resposta
O que diz a prefeitura
– A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informa que a denúncia sobre a falta de pagamento desde o mês de outubro de 2018 dos médicos plantonistas não procede.
– A Sesma ressalta ainda que, em relação aos plantões médicos, ontem foram enviadas as folhas para processamento bancário.
– Também destaca que as folhas de pagamento de salário dos servidores já foram enviadas ao banco para processamento.
(Michelle Daniel/Diário do Pará)