O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá (CRM-AP) fiscalizou e constatou diversas irregularidades no Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (HCAL), em Macapá. Os conselheiros fiscalizaram enfermarias, UTI, centro cirúrgico, repouso médico e farmácia. Os representantes do Regional também conversaram com funcionários, pacientes e com as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, Núcleo de Segurança do Paciente e Comissão de Revisão de Óbito e Prontuário.
A fiscalização verificou que as salas do centro cirúrgico estavam sem medicamentos anestésicos, o que gerou o cancelamento de cirurgias. Houve relatos da presença de ratos neste setor, mas não foi observado no momento da fiscalização. Mas observou-se um local que pode ser porta de entrada do animal.
Também foi constatado que exames básicos não vêm sendo realizados pelo HCAL. Pacientes mostraram comprovante de pagamento de exames feitos em laboratórios particulares, como, hemograma. Uma médica relatou à equipe que teve que pagar com o próprio dinheiro exames para que um paciente pudesse receber alta.
Foi verificado no posto de enfermagem masculino medicação vencida. Já o posto de enfermagem feminino estava sem solução fisiológica, sem equipamentos de segurança e sem álcool em gel. Funcionários relataram que em muitos casos precisam comprar equipamentos de proteção, como, máscara e luva para trabalhar.
O CRM-AP encontrou homens e mulheres compartilhando a mesma enfermaria, sem divisórias ou biombos. Em determinadas salas, as macas estavam muito próximas, contrariando a distância mínima de 80 cm, conforme RDC 50/2002 da Anvisa.
Na enfermaria oncológica, das cinco lâmpadas, apenas uma estava funcionando. Funcionários precisam utilizar a luz do celular para realizar a punção venosa. Em uma das enfermarias foi constatado um ralo, por onde saem baratas, segundo os pacientes. E janelas sem tela de proteção.
Outros problemas também foram identificados. A UTI estava sem farmácia e com três leitos desativados (leitos 3, 9 e 10). O repouso médico estava sem papel toalha, papel higiênico, sem chuveiro elétrico e com lâmpada queimada.
Foi encontrado extintor vencido desde 2009. Expurgo com lixeira sem pedal, sem janela, ralo sem tampa e sem hamper hospitalar (saco utilizado para transportar roupas que serão lavadas).
Também foi detectada a necessidade de uma escala de nefrologistas diuturna, já que cerca de 30% a 50 % dos pacientes internados na UTI precisam de hemodiálise. O CRM-AP teve acesso aos relatórios da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do ano passado. O documento aponta a falta de insumos, como, sabão líquido, papel toalha, álcool e às vezes até de água.
De acordo com o presidente do CRM-AP, Eduardo Monteiro, foram constatadas 68 irregularidades nos locais visitados e realizadas 26 recomendações. O relatório da autarquia será enviado para Secretaria de Saúde do Amapá, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho.
Fonte: CRM-AP