A equipe de fiscalização do Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá (CRM-AP) realizou vistoria no Hospital de Emergência. Os conselheiros observaram a estrutura física, visitaram o laboratório, a semi-intensiva, UTI, centro cirúrgico, enfermarias e o local onde a medicação fica armazenada. Também ouviu pacientes e funcionários. A vistoria constatou paredes cheias de infiltrações, descascadas e sujas. Enfermarias superlotadas e macas enferrujadas, assim como suporte de soro. Homens, mulheres e crianças dividindo a mesma sala. O ambiente fica muito quente pela falta de ar-condicionado. Além da ausência de refrigeração, algumas salas não possuem janelas. (veja foto abaixo)
A falta de leitos obriga que pacientes sejam alojados pelos corredores e até na rampa de acesso ao piso superior. No momento da fiscalização a senhora Marinete da Cruz, que acompanhava o filho, estava sentada no chão há três dias.
Os conselheiros também constataram que o laboratório vem funcionando em condições precárias. No momento da fiscalização não tinha reagente. Alguns aparelhos estavam quebrados. Também faltava detergente e toalhas descartáveis para os funcionários higienizarem as mãos. Uma das pias estava sem torneira.
Pacientes também reclamaram à equipe do CRM-AP que em alguns casos precisam fazer exames em laboratórios particulares. Elcilene Silva, acompanhante da mãe de 69 anos, contou que teve que pagar para realizar os exames de sangue. “Fiz hemograma, creatinina e uréia. O hospital não forneceu. Já gastei em torno de R$ 250,00 com exames e medicação”, contou.
No momento da fiscalização na semi-intensiva, os funcionários relataram que a pane elétrica ocorre semanalmente. E os pacientes precisam ser ambuzados (respiração manual). O problema ocorre, segundo eles, porque há muitos aparelhos ligados em uma só tomada. Mas a informação repassa ao Conselho é que este problema já foi solucionado. Falta de medicamentos e equipamentos também foram constatados neste setor.
Consta no relatório de fiscalização inconstância do estoque de medicamentos no Centro Cirúrgico. No momento da fiscalização faltavam succinilcolina e atracúrio. Além de materiais ortopédicos (tipo próteses e órteses), luvas de procedimento e estéreis.
No ambulatório dois, para onde os pacientes mais graves são encaminhados, não tinha desde desfibrilador a equipo (conector de plástico pra injetar soro e medicação). Segundo um funcionário, que prefere não se identificar, o problema é constante. “Se chegar um paciente poli traumatizado precisando repor líquido, vamos encontrar dificuldades para estabilizar. Outro problema é que essa sala é pequena. Se um dia acontecer um acidente grave, de grande proporção, vai ser complicado.”, desabafa.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Amapá (CRM-AP), Eduardo Monteiro de Jesus outros problemas foram detectados. O HE não tinha ambulância, e nem tomografia. Os exames são realizados em empresas terceirizadas. E por isso, às vezes, o resultado dos exames demora. “O relatório desta fiscalização será enviado para os Ministérios Público Federal e Estadual, Secretaria de Saúde e Conselho Federal de Medicina (CFM)”, afirma o presidente do CRM-AP.
O Conselho Regional de Medicina é uma autarquia federal e tem a missão de preservar o perfeito desempenho da Medicina, nos limites de sua competência, supervisionar o cumprimento das normas da ética profissional e, ao mesmo tempo julgar e disciplinar a classe médica cabendo-lhe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão dos que a exerçam legalmente.
Fonte: CRM-AP